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Se a desova de estoques de arroz na China se acentuar, o cereal ganha e o milho perde

05 abr 2021, 12:15 - atualizado em 05 abr 2021, 13:50
Tailândia
Arroz tailandês deve ser mais demandado pelos chineses, que estão escoando estoques (Imagem: REUTER / Chaiwat Subprasom)

Como a China é um importador líquido mesmo de produtos agropecuários que produz internamente em larga escala, qualquer movimento pontual em relação a algum deles é alvo de atenção. Se virar tendência de médio para longo prazo, causa abalos sísmicos em vários mercados.

O que está acontecendo com o trigo, com o país desovando estoques para suprir o setor de rações, como repercutiu Money Times, agora notícias parecidas chegam em relação ao arroz. Nos dois casos, parte dos inventários leiloados em volumes mais altos é destinado à substituição do milho, muito caro desde 2020.

Segundo a Reuters, a China acelerou os leilões do cereal este ano e já vendeu próximo de 5 milhões de toneladas. Perto das elevadas reservas, para o maior produtor mundial, esse volume não abala muito, mas a continuar, e tendo pela frente situações climáticas adversas sobre a produção – como em 2020 – as importações devem aumentar.

“Mesmo com volumes expressivos guardados e alta produção, a China é o maior importador mundial de arroz”, explica Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consultig. E diante do desafio da maior população do planeta, Pequim não costuma deixar os estoques estratégicos caírem, por óbvia questão de segurança alimentar.

Daí que eles devem acelerar as compras e, inclusive, indiretamente incentivar o contrabando dos países fronteiriços, pensa o analista. Tailândia, Vietnã e Mianmar são os principais fornecedores.

Para o Brasil, os reflexos não estão presentes tão imediatamente no mercado de arroz, que já vem de tendência de alta das exportações desde o ano passado – mais de 2,10 milhões/t base casca, acima do recorde da safra de 9 anos antes -, e que foi sentida na inflação do cereal no mercado interno.

O encurtamento da oferta mundial, com a China possivelmente importando mais, deve acentuar alta nos preços. Porém, a safra gaúcha, a principal, avança em mais de 50%, e possivelmente os embarques já estejam contratados. Se as aquisições externas chinesas crescerem regularmente, e se consolidando, para a safra 21/22 seria outra história.

Com o milho, sim, o reflexo pode ser mais imediato. A China contratou mais de 10 milhões de toneladas de milho dos Estados Unidos em 20/21. E pode desacelerar, no momento em que, de acordo com Brandalizze, o Brasil está indo para a safrinha de inverno e quando, ainda, se esperavam exportações brasileiras para lá.

Safra gaúcha

A Conab calcula em mais de 10,9 milhões/t de arroz para o ciclo atual. Avalia também pequeno decréscimo sobre o anterior.

Mas não está totalmente definido porque a colheita está ainda na metade da área semeada e a produtividade está acima da verificada anteriormente, de acordo com o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em 168 sacas por hectare, apesar da área pouco menor que na safra passada depois da seca.

Em torno de 944 mil hectares.

A Conab também projeta consumo interno pouco menor que em 2020.

E os preços atuais, mesmo com a oferta gaúcha entrando, já estão firmes.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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