Seletividade: 4 ações para se posicionar no varejo em cenário de cautela, segundo BTG Pactual

Após um primeiro semestre forte para o varejo brasileiro, o sentimento que começa a se instalar para a segunda metade do ano é de cautela, aponta o BTG Pactual após reuniões com investidores locais e estrangeiros. Neste sentido, seletividade é a palavra da vez.
A equipe de analistas liderada por Luiz Guanais coloca que, em consenso, os resultados do primeiro e segundo trimestre deste ano superaram as expectativas, reforçando a convicção em vários nomes do setor. No entanto, o consenso está cada vez mais propenso a reduzir as estimativas, com a expectativa de que o consumo mais fraco no segundo semestre ofusque a trajetória de lucros no curto prazo.
“Embora o primeiro semestre de 2025 tenha trazido resultados sólidos em vários segmentos de consumo — com vestuário e farmacêutico se destacando no 2T25, a atenção agora está voltada para a esperada desaceleração do consumo das famílias no segundo semestre de 2025”, colocam os analistas.
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De acordo com o banco, são poucos os investidores que enxergam um ciclo mais rápido na taxa básica de juros (Selic) — atualmente em 15% — como um claro catalisador nesse momento. O foco se direciona para o impacto do crescimento fraco na receita do segundo semestre, o que pode pressionar a exposição setorial.
“O tom geral sugere que as estratégias de posicionamento estão sendo feitas pelos ventos contrários macroeconômicos nos próximos meses”, pondera o BTG.
Dessa maneira, o posicionamento no varejo segue seletivo. Os analistas destacam que os investidores continuam a favorecer resiliência, modelos de crescimento comprovados e empresas capazes de atravessar um ambiente macro mais fraco sem revisões negativas relevantes de lucros.
Onde se posicionar no varejo?
O BTG afirma que os investidores estão concentrando posição em um conjunto restrito de nomes, mantendo uma postura defensiva.
Do lado dos investidores locais, Smart Fit (SMFT3) e Vivara (VIVA3) são teses consensuais, segundo o banco, sustentadas por capacidade de execução consistente, resiliência das categorias e uma história estrutural de crescimento saudável.
Para os estrangeiros, o interesse segue mais amplo, com Mercado Livre (MELI34) atraindo renovada atenção após o segundo trimestre, ao lado de Lojas Renner (LREN3) e Raia Drogasil (RADL3). O BTG coloca que, notadamente, a Raia vem se destacando como ação que atrai mais atenção estrangeira.
“Embora os desafios estruturais da companhia não sejam ignorados, investidores enxergam os resultados do segundo trimestre como um ponto de maior visibilidade para ancorar estimativas de lucro para 2025 e 2026”, dizem os analistas.
Já do lado do BTG Pactual, as preferências são Smart Fit (SMFT3), C&A (CEAB3), Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3).
O peso do macro
Os analistas do BTG destacam que o restante do varejo e do setor de alimentação fica de lado, já que investidores demandam sinais mais claros de estabilização ou de juros menores antes de voltarem a se posicionar no setor.
Para o banco, daqui em diante, o potencial de alta adicional nas ações de varejo depende de dois fatores:
- Continuidade da queda das taxas de juros reais de longo prazo; e/ou
- Manutenção das revisões positivas de lucros.
“Embora os resultados do primeiro semestre de 2025 tenham sido melhores que o esperado e os valuations, ainda que não mais em níveis deprimidos, sigam razoáveis — especialmente quando se considera o potencial macro de juros mais baixos em 2026 —, vemos espaço mais limitado para novas revisões positivas neste momento, altamente dependente do ritmo de desaceleração do consumo no segundo semestre de 2025”, dizem os analistas.