Mercados

Sem choro nem vela: Fed tem zero apetite por corte de juros no horizonte próximo

21 nov 2023, 17:47 - atualizado em 21 nov 2023, 17:48
jerome powell, federal reserve, fed
Fed divulgou a ata da última decisão monetária, que manteve os juros inalterados.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) divulgou nesta tarde a ata da última decisão monetária do Fed, que manteve os juros inalterados na faixa de 5.25% — 5.50%.

O documento deixa claro a falta de apetite para cortes na taxa de juros no horizonte breve, à medida que a inflação permanece bem acima da meta oficial de 2%.

Segundo a ata, os membros que votam no comitê ainda estão preocupados com a “teimosia” da inflação e a o risco de um repique, comprometendo-se assim a manter a política monetária em níveis restritivos.

Declarações de Jerome Powell da semana passada foram um “spoiler” dessa visão mais cautelosa do Fomc. No painel em que participou, o presidente do BC norte-americano disse que os dirigentes estão vigilantes com os “passos em falso da inflação” e que o maior erro do Fed seria não derrotar a inflação.

De alento ao investidor, ficou a mensagem de que a política permanecerá restritiva até que os dados macroeconômicos mostrem um caminho mais convincente de que a economia passa por uma desinflação. Para isso, a autoridade comunica ser importante observar sinais de melhor equilíbrio no mercado de trabalho.

Fed acompanha Treasuries de perto

A divulgação da ata da reunião de novembro ocorre em meio a nova narrativa preferida do mercado:Fed’s done” (O Fed terminou), em referência ao possível fim do aperto monetário.

Desde a decisão do dia 1 de novembro, essa percepção, mais otimista para o mercado de ações, levou os Treasuries estadunidenses a recuarem das máximas de 16 anos. No caso das T-notes com vencimento de 10 anos, a queda nos últimos 20 dias foi de quase 0,6 ponto percentual (pp.) — fato que ajudou a aliviar os ativos de risco no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Na ata, os dirigentes do Fomc atribuem a recente arrancada das taxas dos Treasuries ao aumento do prêmio demandado por investidores para assumir a dívida de longo-prazo dos Estados Unidos.  Este fato, por sua vez, está atrelada à percepção do maior risco fiscal no contexto norte-americano.

Em um tom de alerta, os dirigentes do Fomc dizem que “mudanças persistentes nas condições financeiras tem impactos no cainho da política monetária e que, portanto, seria importante continuar monitorando os desdobramentos no mercado de títulos de perto”.

Vem alta em dezembro?

Apesar da convicção do mercado no fim do aperto — com 94.8% das projeções avaliadas para o Fed Funds apostando na permanência das taxas atuais para a decisão de dezembro — os membros que compõem o conselho de política monetária do Fed estão mais relutantes.

A ata mostra uma divisão clara entre àqueles que querem por um ponto final no aperto e aguardar o efeito das 11 altas ratificadas até aqui e àqueles que pensam ser necessário mais um incremento, de 0,25 ponto percentual, o que elevaria a taxa de juros para o patamar de 5.50% — 5.75%.

Wall Street e Ibovespa acionários em baixa

Após a mensagem restritiva na ata, os mercados acionários nos Estados Unidos e no Brasil oscilaram para baixo.

O Ibovespa (IBOV) chegou às mínimas intradia depois da divulgação, mas se recuperou parcialmente. O índice da B3 recua 0,39% nesta reta final.

Em Nova York, Dow Jones Industrial Average, S&P 500 e Nasdaq operam com perdas leves de, respectivamente, 0,22%, 0,19% e 0,56%. No mercado de renda fixa, os rendimentos de T-notes de 10 anos mantiveram o curso de queda e perdem 0,0098 pp., aos 4.412%.

A divulgação da ata do Fomc é o último evento econômico da curta semana em Wall Street, com o feriado de Ação de Graças fechando o pregão tanto na quinta-feira (23) quanto na sexta (24).

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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