Economia

Setor de serviços coloca em cheque a economia brasileira; entenda o que precisa melhorar

17 out 2023, 10:59 - atualizado em 17 out 2023, 10:59
Serviços
Inflação do setor de serviços vem apresentando melhoras, mas volume está abaixo do registrado em dezembro de 2022. (Imagem: REUTERS/Caitlin O’Hara)

Em agosto de 2023, o volume de serviços no Brasil caiu 0,9% na comparação mensal. Embora os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrem uma alta de 11,6% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia, o setor está 1,9% abaixo de dezembro de 2022.

O resultado acumulado em doze meses passou de 6% em julho para 5,3% em agosto, mostrou perda de dinamismo e o resultado menos intenso desde agosto de 2021, quando registrou 5,1%.

Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos, destaca que o setor surpreendeu negativamente, levando a uma revisão da projeção do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,7% para 2,5%.

“O resultado de agosto é ainda pior do que o headline sugere quando se analisa as alíneas. Grupos importantes que compõe o cálculo do PIB, tal como os ‘serviços prestados às famílias’ e outros serviços, apresentaram robusta queda de 3,8% e 1,4%, respectivamente, na comparação mensal”, afirma.

Segundo o IBGE, a retração do volume de serviços em agosto foi acompanhada por quatro das cinco atividades analisadas:

  • transportes (-2,1%);
  • serviços prestados às famílias (-3,8%);
  • informação e comunicação (-0,8%);
  • outros serviços (-1,4%);
  • e serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%).

O economista André Perfeito lembra que o setor de serviços foi um dos que mais se beneficiaram com a pandemia. O motivo foi a aumento do uso de tecnologia no setor e a mudança do padrão de consumo da sociedade, que demandou mais serviços no período.

“Dito isto, a alta este ano de 4,1% não é desprezível. Mas, para avançar mais, o setor precisaria de outros impulsos que ainda não se concretizaram, como os efeitos defasados da queda da taxa de juros como um todo na economia”, afirma. Ele ainda destaca que a queda de agosto serve de alerta que falta ainda muito para a economia de fato deslanchar na esteira da elevação da massa salarial.

Para Marco Antonio Caruso, economista-chefe do PicPay, é preciso entender se estamos em um ponto de inflexão do setor de serviços ou se foram fatores temporários que ancoraram os números de agosto.

“Por ora, no nosso cenário atual, ainda vemos espaço para um bom desempenho no segundo semestre, sem grandes consequências nos preços, que já mostram uma dinâmica favorável. Para 2023, projetamos um avanço de 2,8% da Pesquisa Mensal de Serviços”, aponta.

Inflação de serviços

Por outro lado, a inflação de serviços tem evoluído de maneira mais favorável do que o esperado.

Depois de atingir o pico de 9,5% no terceiro trimestre de 2022, a inflação dos serviços subjacentes recuou para perto de 5,2% na última leitura. Além disso, outras medidas de núcleos para serviços também apontam para melhora disseminada entre os itens.

Segundo um relatório do Itaú, a inércia e hiato do mercado de trabalho explicam a dinâmica da inflação de serviços. No entanto, outros fatores também podem ter influenciado.

“Uma explicação possível é que a queda de preços de commodities em reais foi tão rápida e intensa ao longo do primeiro semestre que seu o impacto baixista mesmo sobre a inflação de serviços pode ter sido subestimado”, dizem os analistas.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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