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Sherwin-Willians viu Suvinil como oportunidade única – comprou rápido e pagou de acordo

23 fev 2025, 4:02 - atualizado em 23 fev 2025, 10:00
A Suvinil é a líder do mercado de tintas decorativas no Brasil, com 35% de participação. (Imagem: jetcityimage/ iSTock)

A aquisição, anunciada na última segunda-feira (17), da Suvinil é o maior negócio da americana Sherwin-Williams na América Latina. Com a compra, por US$ 1,15 bilhão, ou R$ 6,5 bilhões pelo dólar do dia, toda paga em dinheiro, a empresa dos Estados Unidos pode saltar de menos de 6% de participação no mercado brasileiro de tintas para 41%.

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A Suvinil é a líder do mercado de tintas decorativas no Brasil, com 35% de participação. A segunda maior é a AkzoNobel, dona da marca Coral, com pouco mais de 25%. No ano passado, a Suvinil faturou US$ 525 milhões (R$ 3 bilhões, pelo dólar do dia).

A aquisição precisa do aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Como não eleva tanto a concentração do mercado, fontes acreditam que seja aprovada sem maiores restrições.

A venda da Suvinil foi um processo rápido para padrões de fusões e aquisições (M&A, em inglês) no Brasil e no mundo, especialmente quando estão envolvidas cifras na casa do bilhão de dólares e se arrastam por meses. A própria empresa alemã reconhece a rapidez na venda. “Estou encantado que tenhamos feito um progresso tão rápido em encontrar um novo lar para a Suvinil,” disse Anup Kothari, membro da diretoria executiva da Basf, em comunicado à imprensa.

A Basf anunciou a intenção de vender a Suvinil em setembro do ano passado. A decisão ocorreu porque o Brasil é o único mercado do grupo alemão no mundo em que a empresa ainda operava no ramo de tintas decorativas, que já não era mais foco do grupo.

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Em janeiro deste ano, começou um processo competitivo no mercado, que atraiu empresas e fundos especializados em comprar empresas (private equities). No último dia 7 terminou o prazo para o recebimento de propostas não vinculantes.

Com participação pequena no mercado brasileiro, e querendo crescer mais, a Sherwin-Williams, fundada em 1866 nos Estados Unidos, se empenhou em levar a marca e se apresentou de forma mais agressiva, costurando um acordo de exclusividade na negociação, de acordo com fontes. “Os 6% de participação não eram onde a empresa queria estar”, observe um interlocutor.

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Domínio estrangeiro

Sem uma empresa grande no Brasil de tintas, com o mercado dominado por estrangeiros, estava claro que o fechamento do negócio envolveria um grupo estrangeiro, diferente de muitas fusões recentes, onde companhias brasileiras têm tido predominância. Por exemplo, a aquisição do suíço Julius Baer pelo BTG Pactual.

“O setor de tintas é muito consolidado globalmente, as transações acabam tendo dois ou três compradores em qualquer lugar. E uma oportunidade como a Suvinil não aparece todo dia”, afirmou uma fonte próxima ao negócio.

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A Sherwin-Williams divulgou que o múltiplo do negócio ficou no “low teens”, a expressão do inglês para se referir aos números de 13 a 19, na comparação com o Ebitda (lucro sem impostos, juros e amortizações). Um fundo de private equity, que compra participação em empresas, dificilmente pagaria esse valor, argumenta uma fonte.

“O negócio é altamente complementar ao da Sherwin-Williams na América Latina, já que a marca Suvinil é bem conhecida”, afirmou o presidente e CEO da Sherwin-Williams, Heidi G. Petz, em nota à imprensa.

O Citi assessorou a Sherwin-Williams na aquisição. A Basf foi assessorada pelo Deutsche Bank no processo de venda, como já havia revelado a Coluna do Broadcast em dezembro.

Entre os assessores jurídicos, a Sherwin contratou os escritórios Jones Day e BMA. Já a Basf teve o auxílio de Linklaters e Todorov, Giannini & Nisiyama.

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estadao.conteudo@moneytimes.com.br