Opinião

Sidnei Nehme: Razão ao invés de emoção deve ser a postura

09 out 2018, 8:15 - atualizado em 09 out 2018, 8:15

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Por Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO

O resultado das urnas revelou resultado contundente pró-expectativa do mercado financeiro, e como natural, provocou reações emocionais imediatas, criando um positivo otimismo, mas com o risco de exacerbar-se e afastar-se em demasia da razão.

A convicção é de que o resultado esteja dado, embora ainda tenhamos um 2º turno, assim já se trabalha com a convicção de que o novo Presidente já é conhecido. Este é o sentimento que os mercados repercutem aqui e no exterior em relação ao Brasil.

Mas chamamos a atenção para a indispensável atitude de sensatez que deve permear este movimento de euforia ou entusiasmo, visto que restam carentes todos os demais problemas que levaram o Brasil a sua pior crise das últimas décadas, com um quadro amplamente deletério da atividade econômica, impagável e irrecuperável déficit fiscal com tendências crônicas, consequente desemprego massivo, queda de renda, consumo e propensão baixa de investimentos do setor produtivo.

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Enfim, continua sendo preciso retirar o país dos escombros e ainda não se tem o plano de resgate conhecido do provável comandante, o que revela que temos então dois problemas relevantes que envolvem planejamento teórico programático e depois o seu “modus operandi”, que naturalmente passa pela necessidade de conhecerem-se as novas forças instaladas no Congresso Nacional e os interlocutores de governo, exceto o já conhecido economista Paulo Guedes, uma boa referência.

Esperamos que o movimento emocional imediato, consequente do resultado das eleições no 1º turno, seja substituído pelo racional que não necessariamente precisa retirar de cena o positivo otimismo, mas que conduza o comportamento dos mercados a necessária sensatez, como já destacamos.

O dólar já vinha tendo o seu preço em recuo na direção da sua efetiva realidade, após um período de quase dois meses de forte especulação sem fundamentos, que não se sustentou.

No nosso entender, o preço ponto de equilíbrio está em R$ 3,80 que precifica todas as mazelas do país e mais os fatores externos de influência, podendo nesta fase de euforia ir até R$ 3,70, mas certamente melhor equilibrado a R$ 3,80.

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Ainda poderá haver volatilidade,  pois há o rescaldo que deve advir do confronto de posicionados “comprados não hedge” e os “vendidos” no mercado de câmbio futuro, na busca de ajuste de suas posições.

O setor cambial, com o país com suas contas externas em absoluta ordem, reservas cambiais soberbas, mecanismos operacionais adequados para suprir demandas por parte do BC, inflação e juro baixo, faz do país um emergente diferenciado e não susceptível a crises cambiais, situação contumaz na maioria dos demais emergentes.

Como salientamos, seja qual for o Presidente, a solidez do contexto cambial do país perdurará inconteste.

Os problemas do país são aqueles que já ressaltamos acima e que não podem ser “esquecidos” neste momento de entusiasmo, porque são concretos e carentes de correção com medidas em sua grande parte impopulares e que exigirão que o novo governo construa uma consistente base de apoio no Congresso Nacional.

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A B3 insinuou um movimento insinuante de alta e depois recuou um pouco assumindo postura mais racional.

É justo que se tenha perspectiva favorável de fluxos externos para a B3,  mas há dúvidas quanto ao “timming”. Investir no “feeling” ou aguardar pelo menos para se conhecer o programa de governo, já que o mercado acionário é dependente, em grande parte, do desempenho da nossa economia, e já não se vive o “boom” mundial das commodities que beneficiou o governo Lula ao seu início.

Esta indecisão poderá conter um movimento altista da B3 com maior intensidade do que a inicialmente imaginada, mas a tendência gradual é de valorização, até porque em dólares a bolsa está com preço equivalente a 2008.

Não se nutre grande expectativa em relação aos debates, visto que as abordagens tendem a serem desconexas eivadas de vieses ideológicos e sectários, tratando de reminiscências e não de programas pontuais de governo.  Seria uma agradável surpresa se assim não for.

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Acreditamos que neste período o preço do dólar deva se manter entre R$ 3,70 a R$ 3,80, não havendo motivos para que recue mais, pois como já afirmamos os problemas do país ainda continuam os mesmos, assim como as dificuldades para suas superações.

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sidnei.nehme@moneytimes.com.br
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