Sinalização positiva entre Lula e Trump ainda não muda cenário para tarifas: ‘motivação política não foi resolvida’, diz analista
A aproximação entre o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxe certo otimismo aos mercados nos últimos dias. No entanto, para Luan Aral, trader e especialista em dólar da Genial Investimentos, a relação tende a ser marcada por estratégia e pragmatismo político.
No Giro do Mercado desta quinta-feira (16), apresentado pela jornalista Paula Comassetto, o especialista comentou sobre o cenário de negociação entre os países, destacando que ambos devem tentar colher frutos políticos das negociações.
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“Lula e Trump são dois grandes estrategistas políticos. Ninguém chega à presidência da República, tanto dos EUA quanto do Brasil, sendo mais ou menos. Os dois são muito bons politicamente falando e o Trump é um excelente jogador, como ele tem mostrado”, disse Aral.
As declarações vieram no contexto da expectativa pela reunião entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e Marco Rubio, secretário de estado norte-americano. Eles discutirão as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelos EUA desde agosto.
“A fala de Trump não trouxe nenhuma novidade. Ele disse que realmente tem uma boa química com Lula, mas parou por aí. Não houve sinalização de redução de tarifas, absolutamente nenhuma, a não ser o encontro entre o segundo que está prestes a acontecer”, afirmou.
O especialista acredita ser pouco provável uma resolução rápida em relação a questão tarifária, uma vez que a motivação para a imposição foi de cunho político. “Esse motivo político não foi resolvido ainda”, disse, se referindo a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, questionada por Trump na ocasião.
Dólar, ouro e mercado americano
O trader também comentou o desempenho do ouro, que segue renovando máximas históricas. Aral destacou que a valorização está ligada ao movimento coordenado de bancos centrais em todo o mundo.
“São 34 bancos centrais cortando ou em vias de cortar juros. Isso sustenta a tese de ouro mais forte”, disse.
Além disso, mesmo com dados do mercado de trabalho que justifiquem o corte de juros nos EUA, o especialista destaca que, neste momento, o Federal Reserve (Fed) não está levando em consideração a inflação ainda elevada no país.
No Brasil, Aral apontou que o câmbio segue o comportamento externo, com a desvalorização global do dólar, mas ponderou que fatores fiscais continuam no radar.
Em relação ao mercado norte-americano, Aral ressaltou que a temporada de balanços nos EUA começa com os bancos, mas o foco do mercado será direcionado para as companhias de tecnologia e inteligência artificial (IA).
Embora alguns analistas falem em uma possível bolha de inteligência artificial, o especialista avalia que o movimento ainda está no início.
“Eu entendo que só estamos começando e existe muito espaço de crescimento para essas empresas, principalmente com o potencial de inovação em tecnologia de IA”, afirmou. De acordo com ele, neste momento a IA tende a performar ainda melhor.
O programa ainda abordou o desempenho dos mercados globais, o cenário fiscal do Brasil e outros destaques corporativos. Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
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