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Sinto muito Musk, mas carro elétrico a etanol é mais “sexy” porque sua bateria não polui

30 set 2020, 16:16 - atualizado em 01 out 2020, 7:03
Tesla TSLA
Bonito e caro, elétrico da Tesla, como outros, são “poluentes” na base de energia (Imagem: Unsplash/@jor9en)

Elon Musk continua anunciando que sua Tesla (TSLA) vai melhorar o desempenho e o custo das baterias dos carros elétricos, em movimento semelhante ao dos players da indústria automobilística mundial. Mas está no Brasil a chave para o carro elétrico manter-se “sexy, por ser elétrico, sem geração de particulado”. A etanol.

Os milhões de dólares gastos no mundo, não incluindo os R$ 15 bilhões que a Volkswagen e mais três parceiros anunciaram para a China nos próximos anos, não eliminarão o fato de que os bólidos da nova geração de quatro rodas serão poluentes de uma forma ou de outra.

São “sexys”, como escreveu em artigo o professor e cientista Gonçalo Pereira, para os endinheirados mundiais, mas não serão movidos a célula de etanol nas suas baterias. A tecnologia está no Brasil e, pelo tom meio lamentoso de Pereira, ainda o seu melhor desenvolvimento está empacado.

Não poluem pelo escapamento, mas os elétricos atuais e futuros, se o Brasil não estiver como ator importante, carregam em suas baterias minérios que precisam ser minerados. A emissão de partículas começa antes de rodarem.

E essas fontes precisam ser carregadas. E da onde vem a geração de energia na maioria dos países do Hemisfério Norte? Das termoelétricas, a partir da queima de combustível fóssil (petróleo ou carvão), continua Gonçalo Pereira, chefe do Laboratório de Genômica e Bioenergia, da Unicamp.

Rodando no Brasil, um carro elétrico estaciona num totem de carregamento, cuja originação da eletricidade não veio de uma termoelétrica (só em Roraima), mas de uma hidrelétrica. Outra coisa de impacto ambiental.

Musk continua anunciando que sua Tesla vai melhorar o desempenho e o custo das baterias dos carros elétricos (Imagem: Reuters/Patrick T. Fallon)

A bateria a etanol, depois da experiência do carro a álcool nos anos 70 e do flex depois, não tem nada disso, menos ainda padece da “falácia” de que a cana-de-açúcar compete com o alimento. Gonçalo Pereira defende a presença de 200 milhões de hectares de pastagens degradadas. Na África, são 540 milhões de hectares com potencial para a lavoura.

Além disso, há o etanol de 2ª geração (2G), do qual Pereira foi um dos desenvolvedores, que, produzido a partir de 100 milhões de hectares, de preferência com a cana energia (mais fibrosa), abastece toda a frota mundial do Ciclo Otto (motores a combustão).

Junto, milhões de empregos.

Proálcool elétrico

Saindo do foco ambiental e da oferta de matéria-prima, que não são desafios, na demonstração detalhada do professor, mas também resvalando indiretamente por essas questões, há o desafio da “maldição dos 70%”.

Se calcula a compensação do etanol na relação custo e paridade energética com a gasolina, sem observar os cálculos de longo prazo para a saúde do planeta.

Etanol-açúcar
Se o Brasil não dormir no ponto e aproveitar a “exergia” do etanol, teremos um “Proálcool elétrico”, reitera o cientista (Imagem: Paulo Fridman/ Bloomberg)

O elétrico do Musk até pode ter um rendimento pouca coisa maior que o movido à bateria de célula de etanol, mas os até 30 kms com um litro que a tecnologia brasileira já conhecida registra está de bom tamanho. Sem falar que o desenvolvimento ainda não chegou no topo e com as vantagens já citadas.

Se o Brasil não dormir no ponto e aproveitar a “exergia” do etanol , ou o uso máximo da capacidade de trabalho de uma fonte de energia, segundo a termodinâmica, teremos um “Proálcool elétrico”, reitera o cientista, entusiasmado com o alcançado pelo Brasil até agora, na parceria academia-setor privado, no desenvolvimento dessa matriz energética.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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