Soja abaixo de US$ 10? China, shutdown nos EUA e clima afetam preços

Os preços da soja em Chicago (contrato novembro) recuaram cerca de 2% desde a última sexta-feira (10), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma nova tarifa de 100% para China. Nesta terça (14), a oleaginosa recuava 0,52% por volta de 11h, em US$ 10,03 por bushel.
O grão segue com seu suporte de US$ 10, já precificando questões negativas como a ausência de compras chinesas para a soja norte-americana e a ausência de um acordo comercial entre os países.
Outro fator que coloca pressão nos preços é o clima na América do Sul, que ainda não trouxe grandes impactos, apesar de um atraso pontual do plantio no Brasil.
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“Se voltarmos a ver um clima positivo e isso trouxer um ambiente favorável na América do Sul, especialmente no Brasil, podemos ver um peso adicional nos preços em Chicago no fim do ano. É possível a soja o patamar de US$ 10, mas o suporte tem se mostrado forte ”, explica Luiz Fernando Gutierrez, coordenador de inteligência de mercado na Hedgepoint Global Markets.
No curto prazo, o coordenador na Hedgepoint Global Markets vê uma tendência lateralizada. “Não diria que existe uma tendência negativa para os preços”.
Os reflexos do shutdown, biocombustíveis e China
O shutdown do governo dos EUA também afeta a clareza dos analistas com relação a projeções de oferta, demanda e estoques. Isso porque não foram divulgados dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) para outubro, mas há expectativa de que o relatório de novembro seja publicado.
“Além disso, tem a questão sobre os mandatos de biocombustíveis dos EUA, que ainda não teve definição. Isso pode mexer com os preços caso seja confirmado o aumento da mistura, sendo positivo para preços em Chicago”, fala Gutierrez.
Ele explica ainda que é fundamental vermos nos próximos dias um avanço das negociações entre EUA e a China, para entender o direcionamento da demanda pelo grão norte-americano.
“Já havia expectativa de cortes nas exportações dos EUA em outubro e, se a falta de acordo persistir, novos cortes podem ocorrer em novembro”.