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Entrevista: startups brasileiras captarão recorde de recursos em 2021, diz Dataminer

11 fev 2021, 17:46 - atualizado em 01 mar 2021, 19:08
As startups brasileiras apresentaram o melhor desempenho em captação de investimentos em 2020, de acordo com o relatório Inside Venture Capital Brasil divulgado pelo Distrito Dataminer (Imagem: Freepik)

Nem mesmo a pandemia do coronavírus interrompeu o acelerado crescimento das startups em 2020. Em meio a um cenário atípico, no qual muitas empresas foram afetadas pelas restrições de deslocamento, a indústria de tecnologia conseguiu aproveitar as novas demandas do mercado e encerrou o ano com recorde histórico de captações. 

As startups brasileiras apresentaram o melhor desempenho em captação de investimentos no ano passado, de acordo com o relatório Inside Venture Capital Brasil divulgado pelo Distrito Dataminer em janeiro. Impulsionado pela alta demanda por ferramentas digitais, o setor somou US$ 3,5 bilhões em aportes, montante 17% superior aos US$ 2,97 bilhões levantados em 2019. 

O mercado de startups também bateu recorde ano passado em número de rodadas, com a maioria dos aportes concentrada em startups nos estágios iniciais (Anjo, Pré-Seed e Seed), e M&As (fusões e aquisições), que dispararam 154% em relação a 2019. 

O mercado espera que 2021 seja ainda melhor para essas empresas tecnológicas. Segundo Eduardo Fuentes, analista do Dataminer, foram investidos mais de US$ 600 milhões no setor só em janeiro, o que indica que os números deste ano podem superar com folga o desempenho visto em 2020. 

“As corporações entenderam que a inovação é parte de um processo crucial para que elas continuem competitivas no longo prazo. Todas elas investiram muito em dados, em entender de fato o comportamento do cliente, seja na internet ou na parte física”, disse o analista ao Money Times. 

Startups de saúde 

Não por acaso, fintechsadtechs e empresas de TI concentraram o maior número de operações M&As em 2020. 

Com a crescente demanda por serviços financeiros e digitais, esses três segmentos foram responsáveis por 64 de 163 M&As realizados entre janeiro e dezembro do ano passado. 

Em termos de quantia investida, as empresas voltadas ao setor financeiro, mercado de advertising e TI não ficam para trás. Fuentes destacou que mais de US$ 1 bilhão foi investido nas fintechs, o que representa quase um terço de todo o investimento de 2020. 

Em 2021, as startups ligadas ao setor de saúde devem acelerar o crescimento. A expansão desse mercado já era esperada antes mesmo do surgimento da pandemia. 

“Desde de 2018, esse setor tem ganhado bastante atenção dos investidores, só que leva um tempo para amadurecer”, contou Fuentes. “Os investidores de VC (Venture Capital) já estavam olhando para esse setor como uma possibilidade de ter retorno financeiro, principalmente por benchmarks de fora. Então, já era questão de tempo que isso acontecesse no mercado brasileiro”. 

A expectativa é de que mais de US$ 150 milhões sejam investidos nas startups da área de saúde neste ano. 

Futuros unicórnios 

O Neon é uma das principais apostas dos analistas para entrar no grupo dos unicórnios brasileiros em 2021 (Imagem: Facebook/Neon)

As expectativas em relação ao surgimento de novos unicórnios no mercado também são grandes. Com aportes cada vez maiores, o grupo das empresas bilionárias deve crescer em 2021, puxado pelo setor financeiro. 

MadeiraMadeira atingiu a posição de unicórnio no mês passado. A expectativa do Distrito Dataminer é de que o Neon também entre no grupo – se não neste ano, no próximo. 

“A última rodada deles foi extremamente grande e quase tronou o Neon como unicórnio”, comentou Fuentes. 

Buser, considerado outro case de sucesso no mercado, pode se tornar bilionária muito em breve. A Take, startup de chatbots, é a terceira grande aposta dos analistas. 

IPOs 

2021 pode ser o ano das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) das startups. Fuentes acredita que a listagem na Bolsa será uma alternativa de captação cada vez mais comum para as empresas tecnológicas. 

“O mercado de capitais aqui no Brasil começou a se popularizar nessa última década, com quantidades super elevadas de empresas tradicionais entrando. Agora, a gente tem visto a primeira leva de empresas de tecnologia. Enjoei (ENJU3), Mosaico (MOSI3), Méliuz (CASH3)… Essas empresas puxaram a fila”, disse o analista. 

Fuentes destacou que o nível de maturidade do ecossistema está aumentando, e cada vez mais startups estão alcançando estágios mais avançados para instaurar boa gestão e governança corporativa, pontos que são levados em consideração na hora da aprovação do IPO. 

“Com cada vez mais empresas de qualidade, profissionais e governança bem definidos, invariavelmente vai existir essa busca pela captação pública via IPO e abertura do mercado de capitais”, completou. 

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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