Empresas

Sucessão na Hapvida (HAPV3): Analistas elogiam planejamento, mas mercado esperava “mudanças mais radicais”

23 dez 2025, 14:31 - atualizado em 23 dez 2025, 14:31
hapvida day trade segunda 29 comprar
day trade (Imagem: Facebook/Hapvida)

As ações da Hapvida (HAPV3) operam praticamente estáveis nesta terça-feira (23), após a companhia anunciar, na véspera, o início de um processo estruturado de sucessão do seu CEO. A movimentação foi bem recebida do ponto de vista de governança, mas dividiu analistas, que veem avanços no planejamento, ao mesmo tempo em que apontam falta de sinais mais claros de um “reset” estratégico.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Jorge Pinheiro, que ocupa a presidência da Hapvida desde 2001, deixará o cargo de CEO para assumir a presidência do conselho. Filho mais velho do fundador, Candido Pinheiro Koren de Lima, ele teve papel central na transformação da empresa em um dos maiores grupos de saúde do país.

Para seu lugar foi escolhido Luccas Augusto Adib, atual CFO e CTO da companhia, que está na Hapvida há seis anos. Ele assumiu a diretoria financeira em 2023 e passou a acumular a área de tecnologia em 2025. Ele será preparado de forma gradual para a sucessão ao longo de 2026.

Do lado positivo, o Safra avalia que a companhia acerta ao optar por uma transição prolongada e supervisionada. Para o banco, esse formato “tende a ser a melhor abordagem para preservar a continuidade em um turnaround fortemente dependente de execução”.

Esse pano de fundo ajuda a explicar a cautela do mercado. Atualmente, a Hapvida tenta reverter problemas operacionais e financeiros herdados da fusão com a NotreDame Intermédica, concluída em 2022. A combinação ampliou a escala do grupo, mas elevou significativamente a complexidade operacional.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O turnaround envolve a integração de sistemas e processos, a padronização de protocolos médicos, o controle da sinistralidade e a redução de custos, além de maior disciplina na alocação de capital e recuperação de margens — sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, herdada da NotreDame, onde o desempenho ainda fica aquém do observado no Nordeste.

Nesse contexto, o Safra vê Adib como “um executivo de alto perfil, com múltiplas habilidades — incluindo experiência jurídica, financeira e em tecnologia — que podem ser úteis no processo de turnaround da Hapvida”. O banco destaca ainda que sua experiência é especialmente relevante, dado que a estratégia de eficiência e a jornada do cuidado dependem fortemente de dados, sistemas e redesenho de processos.

O J.P. Morgan segue linha semelhante ao afirmar que a transição do atual CEO para a posição de presidente executivo pode dar mais espaço para o novo comandante promover mudanças organizacionais e operacionais.

Para o banco, “a designação de Luccas Adib como sucessor pode ser percebida como um potencial agente de mudança, particularmente no que diz respeito à disciplina de capital, transparência e rigor na execução”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ainda assim, o banco americano faz ressalvas. Na sua avaliação, o mandato estratégico do sucessor ainda não está totalmente claro e o timing da mudança parece defensivo, após a forte queda das ações no pós-resultado do terceiro trimestre de 2025.

“A sucessão aponta implicitamente para uma fase mais conservadora e focada em reparo, priorizando a normalização operacional e a geração de caixa, em detrimento de uma expansão mais agressiva”, pondera o time.

O Bradesco BBI/Ágora também adota um tom mais cauteloso. Para eles, as mudanças são vistas como “mistas”, diante da visibilidade limitada sobre alterações estruturais mais profundas. “A ausência de um novo executivo vindo do mercado reduz o sinal de um ‘reset’ mais claro na estratégia”, avaliam os analistas, que também chamam atenção para o acúmulo de funções de Adib, o que pode aumentar o risco de execução.

O Citi reforça essa leitura. Segundo o banco, embora a reorganização da gestão seja um passo importante para acelerar a execução e restaurar gradualmente a confiança dos investidores, a escolha de um executivo da própria casa sinaliza continuidade. “Acreditamos que o mercado esperava mudanças mais ‘radicais’ após vários anos de expectativas não atendidas. Além disso, a falta de detalhes sobre o novo CFO aumenta a incerteza no curto prazo”, diz o relatório.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No fim, a sucessão é vista como um avanço em governança e planejamento, mas ainda insuficiente, por si só, para destravar um re-rating das ações sem evidências mais claras de melhora operacional e financeira.

O JP Morgan, Citi e Safra estão neutros para Hapvida, com preços-alvo, respectivamente, em R$ 39, R$ 23 e R$ 22,50. O Bradesco/Ágora tem recomendação de compra, mas com o relatório sem trazer alvo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Jornalista formado pela Unesp, tem passagens pelo InfoMoney, CNN Brasil e Veja.
Jornalista formado pela Unesp, tem passagens pelo InfoMoney, CNN Brasil e Veja.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar