Tamanho do Estado: A divergência entre Eike Batista e Tallis Gomes
Um painel com a presença dos empresários Eike Batista, da EBX, e Talis Gomes, da G4, foi marcado por uma divergência entre as duas partes. No centro da discussão, a visão dos dois sobre qual deve ser o tamanho do Estado Brasileiro.
Durante a discussão, em um evento da GCB realizado nesta quarta-feira (29) em São Paulo, Tallis Gomes criticou o inchaço da máquina pública, o aumento de gastos do governo e “pacotes de bondades”. Para ele, isso desorganiza as finanças e aumenta o risco de crises no Brasil.
“No ano que vem, o governo provavelmente vai colocar R$ 100 bilhões na economia para poder fazer o seu ‘pacote de bondades’. Isso vai desestruturar ainda mais a economia brasileira”, disse Gomes. “Estamos chegando em um ponto em que vai ter um problema estrutural financeiro no Brasil, como aconteceu com a Argentina.”
Pouco depois, Eike Batista defendeu a participação do governo na economia e criticou parcialmente a visão de um “estado mínimo”.
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“A Covid fez o planeta inteiro só funcionar porque o Estado pagou as contas”, afirmou o empresário. Tallis prontamente respondeu que as contas foram pagas com o dinheiro do empresariado e dos contribuintes.
Eike ainda usou como argumento o exército norte-americano, onde o orçamento militar de US$ 1 trilhão financia pesquisas que geram inovação privada, e, no Brasil, a Embrapa e a Petrobras.
“Sem a Embrapa, o agro não seria pop, e a Petrobras é como a NASA. O que fazem nessas duas instituições é extraordinário”, disse. “Então muito cuidado. Certas coisas o Estado tem que fazer. O ideal é um Estado eficiente, não ausente”.
Eike, em determinado momento, também defendeu alguns segmentos que ele chamou “o Brasil que nunca para”.
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Talles reconheceu que as empresas com receita dolarizada têm proteção natural contra o risco político e cambial, mas rebateu: “Aqui não é dólar, é real. Vai chegar um momento em que o Brasil vai enfrentar uma deterioração fiscal profunda.”
Apesar de terem discordado, os dois empresários também convergiram em diversos assuntos. Ambos reconhecem, por exemplo, que o ambiente brasileiro é volátil, e que sem confiança — institucional e pessoal — não há investimento nem crescimento sustentável.
“A confiança é tudo. Sem ela, o investidor não vem, o negócio não cresce, e a inovação não acontece”, disse Eike Batista.
Já Tallis foi na linha de que, no Brasil, é o próprio empreendedor que tem de criar a sua própria segurança”: “O país é volátil demais para depender dos outros.”