Plano contra tarifaço aumenta preocupação fiscal; analista projeta corte na Selic ainda este ano
O plano de contingência elaborado pelo Governo Federal para mitigar os impactos da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump levantou preocupação em relação ao cenário fiscal.
No Giro do Mercado desta quinta-feira (14), a jornalista Paula Comassetto recebeu Matheus Spiess, estrategista da Empiricus Research para comentar os impactos da medida que envolve R$ 30 bilhões em crédito para empresas.
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Segundo Spiess, o tamanho do pacote de medidas não é relevante, mas o problema maior está na forma como o governo apresentou a medida, que preocupou o mercado devido às frequentes exceções orçamentárias.
“Quando o arcabouço fiscal foi desenvolvido, ele instituiu metas e bandas de aceitação, para cima ou para baixo, que servem para acomodar choques inesperados. No entanto, quando temos choques inesperados, o governo não se vale das bandas e cria excepcionalidades a todo momento”, afirmou.
O especialista cita o Perse — Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos -, instituído pelo governo anterior durante a pandemia de Covid-19, como um exemplo de que medidas temporárias podem ser prolongadas, pressionando o fiscal no longo prazo.
Em relação a um futuro ajuste fiscal, dado como inevitável, Spiess afirma que “a cada dia que passa, principalmente com esse tipo de episódio acontecendo, a conta a ser paga em 2027 se torna maior”.
Corte de juros à vista?
Mesmo diante do cenário fiscal apertado, o analista destaca que os dados da inflação e a já notada desaceleração da economia pode pressionar o Banco Central (BC) por um corte na Selic, a taxa básica de juros, ainda neste ano.
“Eu acredito que haverá um corte de 0,25 pontos percentuais no Brasil em dezembro. Se isso não acontecer, vai ser por uma sequência de coisas negativas que podem ocorrer, como o corte de juros nos EUA vir mais tarde do que o esperado e o problema fiscal voltar a nos afetar de maneira crescente”, disse.
O risco de escalada das questões fiscais também pode se juntar a ampliação das tensões internacionais, sobretudo com os EUA, que podem causar novas retaliações.
Em relação ao dólar, Spiess afirma que o ambiente global favorece uma queda ainda maior, mas o governo deve apresentar o orçamento do ano que vem neste mês, o que pode agravar a preocupação fiscal e segurar maiores impulsos de investidores estrangeiros.
O programa ainda abordou o desempenho dos mercados globais e outros destaques nos resultados corporativos no segundo trimestre de 2025 (2T25). Para acompanhar o Giro do Mercado na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.
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