Tarifas do Trump

Tarifas de Trump podem reduzir PIB do Brasil e pressionar inflação, avalia XP; entenda os impactos

10 jul 2025, 11:52 - atualizado em 10 jul 2025, 11:52
Brasil e Trump (Montagem Money TimesCanva)
Tarifas do Trump podem reduzir PIB do Brasil e e pressionar inflação, avalia XP (Montagem: Money Times/Canva)

A XP Investimentos calcula que a economia do Brasil deve crescer 0,3 ponto percentual a menos em 2025 devido à tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump, com a projeção do PIB caindo de 2,5% para 2,2%.

Na avaliação da casa, para 2026, a redução seria de 0,5 ponto, com a estimativa saindo de 1,7% para 1,2%.

Durante coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (10), Caio Megale, economista-chefe da corretora, explicou que os efeitos da taxação devem recair principalmente sobre as exportações de bens manufaturados.

“O Brasil exporta cerca de 12% do total para os Estados Unidos, sendo metade em produtos básicos e metade em manufaturados”, disse, explicando que os itens básicos podem ser redirecionados para outros mercados com relativa facilidade.

“Se você não exportar suco de laranja para os EUA, por exemplo, você envia para outro lugar ou consome internamente. Tem uma realocação mais fácil”.

Já os manufaturados — como roupas, móveis e acessórios — serão, segundo ele, diretamente afetados.

“Uma tarifa de 50% mata o produto. Quem compra esses itens do Brasil dificilmente vai aceitar pagar uma taxa tão alta. Vai buscar fornecedores em outros países”, afirmou.

A expectativa do economista-chefe da XP é de que essas exportações fiquem próximas de zero ao longo do tempo. “Não zera automaticamente, mas tem impacto”.

Além disso, Megale ressaltou ainda que, nos próximos dias, pode haver uma antecipação de embarques para os EUA, já que a entrada em vigor da tarifa está marcada para 1º de agosto – o que suavizaria o efeito imediato.

Impactos indiretos

Além do choque direto no comércio exterior, Caio chamou atenção para os efeitos indiretos da medida. “Já vimos o câmbio depreciar, os juros longos subirem, além do aumento da incerteza”, afirmou.

Segundo ele, esse ambiente mais volátil tende a frear decisões de investimento e consumo.

“O aumento da incerteza faz com que empresas e consumidores fiquem mais receosos e coloquem o pé no freio. Esses fatores ajudam a explicar a revisão das projeções para o PIB deste ano e do próximo”.

Risco de retaliação e inflação

Outro ponto de preocupação levantado por Megale é a possibilidade de retaliação por parte do governo brasileiro.

De acordo com ele, caso o Brasil adote tarifas sobre produtos importados dos Estados Unidos — como medicamentos, insumos químicos e combustíveis —, pode haver impacto inflacionário, ainda que em escala limitada.

“Se houver retaliação, aí sim podemos ver mais pressão na inflação, embora em magnitude pequena, já que importamos muitas coisas também da China e de outros países”, ponderou.

‘O BC tem que ficar, no mínimo, mais conservador’

Diante desse ambiente mais incerto, o economista acredita que o Banco Central deve manter uma postura conservadora na condução da política monetária.

“O BC tem que ficar, no mínimo, mais conservador”, afirmou, destacando que o plano base da XP é de que o ciclo de cortes na Selic comece no início de 2026 — cenário reforçado com o anúncio da taxação.

“A tarifa de 50% me deixa mais confortável com janeiro. Antes, com a inflação melhorando, havia até a possibilidade de o Copom antecipar os cortes para dezembro ou novembro. Agora, o ambiente favorece uma abordagem mais cautelosa”, disse.

A expectativa da XP é de que a Selic caia gradualmente até atingir 12,5% ao longo de 2026.

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Jornalista formado pela Universidade Nove de Julho, com MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos. Com passagens pela redação da TV Band, UOL, Suno Notícias e Agência Mural. Também foi líder de conteúdo no time do “Economista Sincero”. Atualmente é repórter no Money Times.
igor.grecco@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Nove de Julho, com MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos. Com passagens pela redação da TV Band, UOL, Suno Notícias e Agência Mural. Também foi líder de conteúdo no time do “Economista Sincero”. Atualmente é repórter no Money Times.
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