Teto da meta à vista: Governo reduz projeção para a inflação em 2025
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reduziu a projeção para a inflação em 2025, de 4,8% para 4,6%, segundo o Boletim MacroFiscal divulgado nesta quinta-feira (13).
A revisão reflete os efeitos defasados da valorização do real sobre os preços, a menor inflação no atacado agropecuário e industrial e o excesso de oferta global de bens, resultado de mudanças no comércio internacional.
A SPE avalia que, se a bandeira tarifária de energia for verde em dezembro, a probabilidade de a inflação ficar dentro do intervalo da meta em 2025 aumenta. A meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 5,1% em agosto para 4,7% em outubro, aproximando-se do intervalo superior da meta.
O resultado mensal foi influenciado principalmente pela queda nos preços de alimentos e bebidas, cuja inflação no domicílio passou de 7,0% para 4,5% no período — com destaque para carnes, café e leite. Também houve arrefecimento nos preços de bens industriais, que cederam de 3,3% para 3%, em meio à deflação de eletrônicos e à desaceleração de itens de higiene pessoal.
A SPE também destacou a moderação na inflação de serviços subjacentes, que recuou de 6,7% para 6,3% entre agosto e outubro, mesmo com a estabilidade do grupo de serviços como um todo. O movimento reflete a perda de dinamismo do mercado de trabalho e a dissipação de pressões inerciais em itens como alimentação fora do domicílio e educação.
Para 2026, a estimativa de inflação também foi revista para baixo, de 3,6% para 3,5%. No horizonte relevante da política monetária — o segundo trimestre de 2027 —, a expectativa é de que os preços recuem para 3,2%, convergindo posteriormente para a meta.
Atividade econômica desacelera
A SPE revisou de 2,3% para 2,2% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2025, segundo o Boletim MacroFiscal. O ajuste reflete o ritmo mais fraco de expansão observado no terceiro trimestre.
Após avanço de 1,3% no primeiro trimestre e de 0,4% no segundo, os indicadores coincidentes apontam perda de fôlego na atividade entre julho e setembro, sugerindo crescimento mais modesto no segundo semestre.
A SPE atribui o movimento à manutenção da taxa Selic em 15% ao ano, à recente redução das expectativas de inflação e à elevação dos juros reais, que em outubro atingiram o maior nível desde 2016.
A desaceleração também se reflete nas concessões de crédito e no mercado de trabalho. As concessões reais dessazonalizadas caíram no terceiro trimestre, sobretudo entre empresas, com o aumento dos juros sendo parcialmente compensado por menores spreads. Já no mercado de trabalho, a taxa de desemprego permanece em patamar historicamente baixo, mas o ritmo de criação de vagas e de alta do rendimento real perdeu força.
A projeção de crescimento para 2026 foi mantida em 2,4%, com expectativa de que a política monetária se torne menos restritiva, impulsionando crédito, consumo e investimento. Para os anos seguintes, a estimativa segue em torno de 2,6%.