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Traders de Wall Street receberão fatia menor em ano de ganhos

15 out 2020, 14:14 - atualizado em 15 out 2020, 14:14
Wall Street
As maiores firmas de Wall Street até agora reservaram US$ 6 bilhões a mais para remuneração e benefícios neste ano do que nos primeiros nove meses de 2019 (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Depois de sustentar a rentabilidade dos bancos durante um ano tumultuado, operadores de Wall Street receberão uma parte dos lucros que trouxeram. Mas essa fatia será menor.

Em balanços divulgados nesta semana, as maiores empresa financeiras começaram a sinalizar como vão recompensar traders por produzirem fortes resultados em um momento de desemprego em alta e outras divisões dos bancos em crise.

As maiores firmas de Wall Street até agora reservaram US$ 6 bilhões a mais para remuneração e benefícios neste ano do que nos primeiros nove meses de 2019.

Mas os índices de remuneração – a porcentagem da receita dos bancos reservada para salários, uma medida-chave de como pagam funcionários – caíram em alguns bancos.

“Torna-se um desafio abandonar completamente a filosofia de remuneração anterior”, disse Brennan Hawken, analista do UBS, em entrevista.

Isso é especialmente verdade, disse, em “um ano em que as pessoas estão superocupadas e trabalhando o tempo todo, mesmo que o façam de pijama na sala de estar”.

Enquanto o índice de remuneração do Morgan Stanley para operadores e banqueiros de investimento subiu ligeiramente, para 36%, o do Goldman Sachs caiu mais de 200 pontos-base, para 33%. Na divisão corporativa e de banco de investimento do JPMorgan Chase, o índice caiu 4 pontos percentuais, para 26%.

Traders dos cinco maiores bancos de Wall Street, trouxeram US$ 24 bilhões a mais aos cofres de suas empresas em 2020 do que há um ano.

O desempenho foi suficiente para impulsionar a receita total em 4,4% nos primeiros nove meses do ano, para US$ 280,9 bilhões, o que compensou os efeitos das taxas mais baixas que pressionaram a receita de juros em todo o setor.

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‘Pessoas excelentes’

“Estamos sempre pensando, com base nas informações que temos no momento: o que achamos necessário pagar ao nosso pessoal de forma competitiva e proteger nossa franquia?”, disse o diretor-presidente do Goldman Sachs, David Solomon, nesta semana. “Temos excelentes profissionais em vários negócios que precisam ser remunerados quando as pessoas têm um bom desempenho.”

É uma situação difícil para os bancos: querem recompensar operadores pelos enormes ganhos de receita que produziram – enquanto trabalham principalmente em casa – para segurar esses talentos.

“Estamos sempre pensando, com base nas informações que temos no momento: o que achamos necessário pagar ao nosso pessoal de forma competitiva e proteger nossa franquia?”, disse o diretor-presidente do Goldman Sachs (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

Mas esses ganhos ocorrem em um ano em que o desemprego aumentou e os bancos tiveram que fazer provisões de mais de US$ 50 bilhões para cobrir empréstimos duvidosos. E é um ano de eleições nos Estados Unidos, onde políticos são conhecidos por atacar bônus dos banqueiros.

“Obviamente, estamos acumulando despesas de acordo com o desempenho da receita”, disse o diretor financeiro do Citigroup, Mark Mason, em teleconferência com jornalistas nesta semana. “Vamos levar em consideração todas as coisas que você espera que façamos ao tomarmos uma decisão – incluindo o ambiente em que estamos.”

O salário médio anual de profissionais do setor de valores mobiliários em Nova York é de quase US$ 400 mil – cinco vezes o salário normal de outros trabalhadores do setor privado na cidade – e o bônus médio da indústria aumentou 3%, para US$ 164,1 mil no ano passado, de acordo com o escritório da controladoria do estado.

bloomberg@moneytimes.com.br