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Transição energética: Etanol não deve ser commodity e exportá-lo para fabricação de SAF é ‘idiotice’, diz ex-CEO da Raízen (RAIZ4)

05 nov 2024, 14:04 - atualizado em 05 nov 2024, 14:04
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Mussa afirmou que a crescente demanda por biocombustíveis representa oportunidade para o Brasil, inclusive em relação ao combustível sustentável de aviação (SAF). (Reprodução: Youtube/BTG Pactual)

Para Ricardo Mussa, CEO da Cosan Investimentos, o Brasil tem tudo para protagonizar as discussões sobre a transição energética global. O executivo é líder da frente empresarial da força-tarefa de Transição Energética e Clima do G20 e afirmou que o país possui condições ambientais e regulatórias para liderar as discussões. A declaração foi realizada no AgroForum, evento promovido pelo BTG Pactual na última quinta-feira (04).

Durante o debate, Mussa afirmou que a crescente demanda por biocombustíveis representa oportunidade para o Brasil, inclusive em relação ao combustível sustentável de aviação (SAF).

“É idiotice exportar etanol para países europeus fabricarem SAF lá. Acho que o SAF no Brasil será para exportação e o mercado desenvolvido, como Europa, Estados Unidos e Ásia, terá demanda suficiente para absorver o que o Brasil pode produzir”, disse.

Contudo, apesar do crescimento da demanda, uma das dificuldades citadas pelo CEO foi a de “escalar a utilização dos biocombustíveis”, já que a utilização do petróleo ainda é predominante em todo o mundo.

O executivo esteve em um dos painéis do AgroForum envolvendo o setor energético, que também contou com a presença de Rafael Abud, CEO da FS Fueling Sustainability e Tomás Manzano, CEO da Copersucar. Os executivos encaram o momento atual com otimismo para os biocombustíveis e acreditam que o Brasil precisa aproveitar a oportunidade de ser protagonista no mercado de energia.

Papel do etanol e do SAF na transição energética

A descarbonização é um dos grandes objetivos globais da atualidade, sendo pilar fundamental da agenda 2030 da ONU e pautando novas legislações sobre o mercado de combustíveis em todo o mundo. No Brasil, o presidente Lula sancionou no mês de outubro a Lei do Combustível do Futuro.

A respeito do mercado de exportação e etanol, Ricardo Mussa não acredita que o combustível se tornará uma commodity. “O mercado é muito maior do que imaginamos e podemos aproveitar a oportunidade de comercializar nesse nicho”, disse.

Já sobre o SAF, Tomás Manzano, CEO da Copersucar, reforça que o caminho para maior competitividade no mercado é a produção nacional. “Fizemos um estudo sobre produzir SAF no Brasil ou no exterior. Produzir lá significaria utilizar 40%, 50% mais matéria-prima. Isso por si só se traduz em um custo muito maior”, afirmou. Manzano vê momento especial, com governos e diversos setores mobilizados em uma estratégia comum, visando o aumento da demanda e da oferta dos biocombustíveis. 

Rafael Abud, CEO da FS Fueling Sustainability, alertou para o desafio de equacionar o gap de preços entre o combustível fóssil e o renovável no caso da aviação. “Esse gap tem que ser pago a partir do valor do carbono, monetizando a descarbonização”, afirmou.

Uma das estratégias citadas pelo executivo foi incentivar acordos de “book and claim”, que permite que companhias aéreas compensem emissões de poluentes, por meio da compra de créditos conquistados pela utilização do SAF por outras empresas do setor.

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gustavo.silva@moneytimes.com.br
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