Commodities

Três fatores importantes podem afetar a oferta e a demanda do petróleo

30 maio 2019, 19:38 - atualizado em 30 maio 2019, 19:39

Por Ellen R. Wald, Ph.D. para Investing

Até agora, o ano de 2019 tem sido bom para os traders de petróleo, com os preços subindo de forma constante durante os primeiros meses, para a surpresa de diversos observadores e analistas que há meses vinham prevendo uma recessão.

No entanto, o pêndulo de boas e más notícias parece, enfim, estar se inclinando com mais vigor para o lado negativo, pois os sinais de uma desaceleração econômica mundial estão ganhando força. Ao mesmo tempo, no entanto, a restrição na oferta de petróleo exigirá que os investidores de petróleo fiquem de olho nos acontecimentos nos principais países produtores, já que esses sinais conflitantes sugerem que é bem provável que essas surpresas continuem.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

1. Indicadores econômicos mundiais

Mais indicadores econômicos mostram sinais cada vez maiores de uma desaceleração na economia mundial. Isso está fazendo com que o mercado de petróleo entre em estagnação ou queda, pois os traders temem que uma desaceleração econômica enfraqueça a demanda de petróleo e de produtos relacionados.

A situação das tratativas comerciais entre EUA e China sempre teve peso nas expectativas de demanda petrolífera, mas algumas notícias recentes têm aumentado as preocupações. O Wall Street Journal informou que os rendimentos de títulos governamentais ao redor do mundo atingiram novas mínimas plurianuais. Isso não significa que uma recessão esteja definitivamente no horizonte, mas é um indicativo de que os investidores estão preocupados com a saúde da economia.

Um analista do Morgan Stanley (NYSE:MS) colocou mais lenha na fogueira ao afirmar, no início desta semana, que os EUA estariam em “risco de recessão”. Os pedidos de produtos manufaturados nos EUA caíram mais do que o esperado em abril, e a atividade industrial do país caiu para a mínima de três anos, de acordo com a IHS Markit.

Enquanto o foco continuar nos indicadores que mostram uma atividade econômica em desaceleração, é pouco provável que os preços do petróleo voltem a subir.

2. Oferta de petróleo

Ao mesmo tempo em que a perspectiva de demanda de petróleo se torna negativa, a oferta do produto vem sofrendo restrição. O mês de maio revelou uma queda significativa nas exportações petrolíferas do Irã. De acordo com o site TankerTrackers.com, foram registradas exportações de 137.000 barris por dia (bpd) nos primeiros 21 dias de maio.

Esse número pode subir, já que tudo indica que mais navios-tanque estão transportando petróleo iraniano, mas a quantidade total dessas exportações ficará muito aquém do 1 milhão de bpd registrado em abril.

A produção de outros países da Opep é variada. De acordo com a Platts, as exportações da Venezuela foram, em média, de 780.000 bpd em abril (uma elevação bastante leve), enquanto a produção angolana caiu para seu menor patamar desde 2007, ficando em apenas 1,41 milhão de bpd no mês passado.

A produção da Arábia Saudita também apresentou queda em abril, somando apenas 9,82 milhões de bpd, embora o país tenha aumentado sua produção em maio para 10 milhões de bpd, segundo projeções. A produção petrolífera pode aumentar em junho, mas a Arábia Saudita afirma que isso dependerá da demanda dos clientes.

A produção e a situação das exportações da Rússia continuam comprometidas por uma contaminação. O problema deveria ter sido sanado até o fim de abril, mas agora as estimativas são que as exportações petrolíferas normais do país só sejam retomadas em algum momento de junho.

A produção de petróleo na Rússia caiu para 11,126 milhões de bpd, ficando abaixo da meta da sua cota na OPEC+, de 11,180 milhões de bpd. A produção petrolífera do Cazaquistão ainda está abaixo dos níveis normais, embora a extração em seu enorme campo de Kashagan tenha sido retomada em 16 de maio.

3. Produção de gasolina

A demanda de gasolina dos consumidores norte-americanos está atingindo níveis recordes, mas algumas refinarias dos EUA estão enfrentando dificuldades para atendê-la. Em âmbito mundial, está havendo um desabastecimento de petróleo bruto pesado.

As sanções dos EUA ao Irã e à Venezuela, sem falar nos problemas econômicos do país sul-americano, reduziram a produção e as exportações de óleo pesado desses países.

Com isso, algumas refinarias estão enfrentando dificuldades para encontrar fontes alternativas para a fração mais pesada do produto. As refinarias norte-americanas no Centro-Oeste do país vêm adquirindo petróleo pesado do Canadá, mas as que estão localizadas na região do Golfo do México dependem do óleo venezuelano.

A Colômbia tem fornecido um pouco de petróleo pesado, mas os preços desse tipo de óleo aumentaram, e as margens dessas refinarias estão diminuindo.

Neste momento, os preços da gasolina ainda estão abaixo da média de cinco anos, mas é possível que vejamos as refinarias operando abaixo da capacidade máxima neste verão americano, se elas não conseguirem garantir o abastecimento suficiente de petróleo pesado.

investing@moneytimes.com.br