Trump quer o Nobel da Paz? Entenda como funciona a escolha do prêmio mais cobiçado do mundo

Ser lembrado pela história é desejo antigo, mas poucos conquistam o privilégio de disputar um título que vale mais prestígio do que dinheiro: o Prêmio Nobel. Criado em 1901, o prêmio é cercado de mistério, com regras rígidas, convites seletivos e uma cláusula de confidencialidade que mantém os arquivos fechados por 50 anos.
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Em outras palavras: se alguém disser hoje que “foi indicado ao Nobel”, só existe uma maneira de confirmar — esperar até 2075.
E é justamente nesse silêncio que alguns tentam fazer barulho. O caso mais recente é o de Donald Trump, que vem afirmando em público que merece o Nobel da Paz. Em setembro, o ex-presidente disse que seria “um insulto aos EUA” se não fosse contemplado, alegando ter encerrado “sete guerras” durante seu governo.
O presidente francês Emmanuel Macron rebateu: se Trump realmente quiser a honraria, deveria primeiro “parar a guerra em Gaza”.
Para completar, uma pesquisa do Washington Post apontou que 76% dos americanos acreditam que ele não merece a láurea.
Quem pode indicar
As regras são claras: ninguém pode se indicar. Apenas pessoas autorizadas podem apresentar candidatos, como:
- laureados com o Nobel no passado;
- acadêmicos em áreas como literatura, filosofia, medicina, física e química;
- chefes de Estado, parlamentares e ministros (no caso do Nobel da Paz);
- diretores de institutos de pesquisa ligados à paz e relações internacionais;
- membros ou ex-membros dos comitês Nobel.
Nas categorias científicas e em literatura, os indicados costumam surgir de convites formais das academias responsáveis. Já no Nobel da Paz, qualquer nomeador habilitado pode submeter nomes até 31 de janeiro do ano da premiação.
O calendário Nobel
O processo se repete anualmente, com pequenas diferenças entre as áreas:
- Setembro do ano anterior: envio de convites e início das indicações;
- 31 de janeiro do ano da premiação: prazo final para submissão;
- Fevereiro a agosto: relatórios, análises externas e cortes sucessivos;
- Outubro: deliberação final e anúncio dos vencedores.
Em 2025, por exemplo, o Nobel da Paz registrou 338 indicações válidas — 244 nomes individuais e 94 organizações. Quem está nessa lista? Só em 2075 será possível descobrir.
O peso do sigilo
A regra mais emblemática dos estatutos é a da confidencialidade de 50 anos. Nada de listas de indicados, pareceres de especialistas ou rumores confirmados.
Segundo a Fundação Nobel, o objetivo é proteger os candidatos e garantir a independência dos comitês. Afinal, um “quase Nobel” poderia gerar dividendos políticos, acadêmicos ou até comerciais.
O que muda por categoria
- Nobel da Paz: decidido pelo Comitê Nobel Norueguês, que analisa as indicações globais e escolhe por maioria de votos.
- Ciências (Física, Química, Medicina, Economia): convites a milhares de acadêmicos. A decisão final cabe à Academia Real de Ciências da Suécia, ao Instituto Karolinska (no caso da Medicina) ou ao Banco Central da Suécia (Nobel de Economia).
- Literatura: supervisionado pela Academia Sueca, com indicações vindas de professores, ex-laureados e instituições literárias.