Economia

Tudo conspira para manter os investidores estrangeiros longe do Brasil

20 nov 2019, 16:32 - atualizado em 20 nov 2019, 16:32
Petrobras Petróleo
Sozinhos no mundo: ausência em leilão de petróleo é exemplo de como estrangeiros não estão animados com mercados emergentes agora (Imagem: REUTERS/Pilar Olivares)

A falta de interesse dos estrangeiros em ativos brasileiros é sentida há algum tempo. Nesta terça-feira (19), por exemplo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, culpou a ausência deles no leilão da cessão onerosa por parte da alta recente do dólar, que cravou um novo recorde de cotação nominal (R$ 4,20) há uma semana.

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A má notícia é que os gringos continuarão arredios por bastante tempo. Esta é a avaliação da Capital Economics, consultoria independente de economia e finanças sediada em Washington. Em relatório publicado nesta quarta-feira (20), a Capital Economics apresentou seu cenário para o fluxo de capitais em países emergentes nos próximos meses – e o resultado não é animador.

É verdade que, em outubro, a saída de capitais dos emergentes desacelerou. Segundo a consultoria, esses países registraram uma saída líquida de US$ 15 bilhões no mês passado, abaixo da média mensal de US$ 25 bilhões contabilizada no terceiro trimestre. Contudo, não há muito o que comemorar.

“Duvidamos, com base nos resultados líquidos, que o capital irá fluir para os países emergentes nos próximos meses”, alerta a empresa.

Ilusões

O ceticismo é baseado em dois argumentos. O primeiro são os motivos pelos quais caiu o ritmo de saída de capitais dos emergentes. A resposta, segundo a Capital Economics, é que muitos investidores voltaram a aplicar dinheiro na Ásia, após a China e os Estados Unidos sinalizarem que estão dispostos a assinar uma trégua na guerra comercial, conhecida como “Fase Um”, ainda neste ano.

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Isso levou US$ 85 bilhões a migrarem para ações e ativos de países emergentes entre agosto e outubro, mais que os US$ 60 bilhões que ingressaram na região no terceiro trimestre, segundo a Capital Economics.

Desconfiança: rivalidade entre Estados Unidos e China não desaparecerá tão rápido, quanto o mercado deseja (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

O ponto, porém, é que a maior parte desse dinheiro foi para a Ásia, atraída pelo otimismo com o fim da briga entre americanos e chineses.

Aqui, entra o segundo motivo para o ceticismo da consultoria. Para a instituição, não há razões para que o mercado esteja tão esperançoso. “Fundamentalmente, o otimismo com o acordo da Fase Um parece exagerado”, afirma a Capital Economics, sem meias palavras.

O relatório lista três fatores para ter cautela com os efeitos de um armistício entre as duas maiores potências do mundo. O primeiro é que os resultados práticos serão pequenos.

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A Capital Economics lembra que, se tudo der certo, as tarifas americanas sobre produtos chineses recuarão pouco, de 21% para 18% – muito acima dos 3% praticados antes das hostilidades.

À flor da pele

“Isso sugere que ambos os lados não desejam reduzir significativamente a proteção comercial. Além disso, importantes farpas permanecem”, diz o relatório. Tais rusgas podem reaquecer os ânimos e novos embates entre EUA e China seriam inevitáveis, e este é o segundo fator de preocupação para os analistas da Capital.

O terceiro argumento é que a expansão da economia mundial continuará fraca, o que prejudicará o apetite dos investidores por ativos de países emergentes.

“A freada do crescimento global está perto do fundo do polo. Mas o ritmo da recuperação será mais fraco do que a maioria espera, impondo um limite sobre o apetite ao risco”, alerta a Capital

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O desfecho dessa conjuntura, para a consultoria, é inevitável. “A conclusão é que, apesar da recente melhoria, os emergentes continuarão provavelmente enfrentando uma saída líquida de capital nos próximos trimestres”, avisa a Capital.

“As saídas líquidas serão menores, por isso, não deverão causar grandes repercussões para a estabilidade macroeconômica e financeira. Mas, na margem, essa é outra razão para que a recuperação que esperamos do PIB dos emergentes continue fraco.”

Veja a íntegra do relatório da Capital Economics.

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
marcio.juliboni@moneytimes.com.br
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