Economia

Turismo irá perder 38,9% no Brasil em 2020; veja estudo da FGV

21 abr 2020, 19:33 - atualizado em 21 abr 2020, 19:33
Aeroporto Turismo
A perda total do setor turístico brasileiro será de R$ 116,7 bilhões no biênio 2020-2021 (Imagem: Reuters/Wolfgang Rattay

O Produto Interno Bruto (PIB) do setor de turismo, que em 2019 chegou a R$ 270,8 bilhões, deve cair para R$ 165,5 bilhões em 2020, indicando redução de 38,9% no faturamento. É o que indica o estudo “Impacto Econômico da covid-19 e Propostas para o Turismo Brasileiro”, elaborado pela FGV Projetos.

Segundo o levantamento, em 2021, os ganhos com o turismo devem alcançar R$ 259,4 bilhões, valor 4,2% inferior ao patamar de 2019. A perda total do setor turístico brasileiro será de R$ 116,7 bilhões no biênio 2020-2021.

Para cobrir essa lacuna, será necessário que o setor cresça em média 16,95% ao ano em 2022 e em 2023, com PIB de, respectivamente, R$ 303 bilhões e R$ 355 bilhões.

O mercado de viagens é um dos setores mais afetados, pois as medidas de contenção do contágio pela covid-19 impactam diretamente sua dinâmica econômica.

Segundo análise do PewResearch Center, hoje, 93% da população mundial vivem em países que adotaram algum tipo de medida de restrição de viagem e três bilhões de pessoas ao redor do mundo vivem em países que fecharam totalmente suas fronteiras para estrangeiros.

Cenário de Impacto Econômico do Covid-19 nas Atividades Características do Turismo
Volumes de perda econômica e recuperação do setor (2020-2023)

Fonte: FGV. Nota: Cálculo realizado com valores de 2019.

No Brasil, o enxugamento dessa área traz consequências significativas, já que o turismo é uma atividade fortemente geradora de empregos em todas as faixas de renda. As atividades dessa natureza envolvem principalmente, e em grande escala, as áreas de menor grau de especialização.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de turismo responde por 3,71% do PIB do país, e sua dinâmica é composta por diferentes atividades que serão diferentemente afetadas com o isolamento social.

São elas: hotéis e pousadas; bares e restaurantes; transporte rodoviário; transporte aéreo; outros transportes e serviços auxiliares dos transportes; atividades de agências e organizadores de viagens; aluguel de bens móveis; e atividades recreativas, culturais e desportivas.

Neste estudo, a FGV Projetos considerou um período de confinamento de três meses.

Passado esse período, deverá ter início o processo de reequilíbrio dos negócios (estabilização) no Brasil, que deve se estender por aproximadamente 12 meses, uma vez que a saúde financeira dos negócios e das famílias estará comprometida. No caso do turismo internacional, o período de recuperação poderá chegar a 18 meses.

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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de turismo responde por 3,71% do PIB do país (Imagem: Reuters/Nacho Doce)

Alternativa

Como alternativas para mitigar os efeitos da crise, o gerente executivo da FGV Projetos, Luiz Gustavo Barbosa, sugere um conjunto de medidas urgentes a serem tomadas para que o setor esteja ainda saudável para o período de estabilização e de recuperação, aliviando a pressão operacional e salvando empregos.

Segundo o especialista em turismo, os tópicos prioritários seriam auxílios públicos, principalmente para o setor aéreo, que é o coração da atividade; reequilíbrio dos contratos de concessão − como aeroportos, centros de eventos e atrativos turísticos − e crédito facilitado, diferimento de tributos e flexibilização dos contratos de trabalho para micro e pequenas empresas.

O gerente executivo da FGV Projetos também ressalta a importância do incentivo a eventos corporativos e de lazer no mercado doméstico, alertando para a relevância da concessão de crédito especial para operadoras de turismo e consumidores como forma viabilizar a estada de lazer no Brasil.

“Essas medidas serão necessárias, pois o período de férias escolares será alterado, diminuindo a possibilidade de viagens para as famílias, que possivelmente estarão com a renda comprometida”, explica Barbosa.

Veja o estudo:

agencia.brasil@moneytimes.com.br