Bancos

UBS calcula ganho de US$ 35 bilhões com compra do Credit Suisse

17 maio 2023, 12:25 - atualizado em 17 maio 2023, 12:25
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O UBS fechou um acordo para assumir o controle do Credit Suisse este ano em uma venda de emergência apoiada pelo governo suíço (Imagem: REUTERS/Arnd Wiegmann)

O UBS calcula um ganho estimado de US$ 34,8 bilhões como resultado da aquisição de emergência do Credit Suisse, enquanto alerta para bilhões em possíveis custos legais e regulatórios resultantes do resgate de seu ex-rival.

O banco suíço deve se beneficiar do deságio das empresas combinadas, com base em uma primeira avaliação sobre os dados do final de 2022, de acordo com documento regulatório publicado na Suíça.

Ao mesmo tempo, o UBS prevê baixas contábeis de cerca de US$ 13 bilhões dos ativos do Credit Suisse e estima que os passivos legais podem custar até US$ 4 bilhões ao longo de 12 meses.

Os números são baseados nas melhores estimativas das quais o banco dispõe agora e, à medida que mais análises são conduzidas, esses dados devem mudar, disse o UBS. O deságio ocorre quando o valor contábil de uma empresa é maior do que o preço pago pela companhia adquirente e pode resultar em lucro no papel para o comprador quando o negócio for fechado.

O UBS fechou um acordo para assumir o controle do Credit Suisse este ano em uma venda de emergência apoiada pelo governo suíço, em meio a temores de que o concorrente, de menor porte, estivesse à beira de uma recuperação judicial.

Analistas apontaram que a unidade local do Credit Suisse, o Swiss Universal Bank, provavelmente vale várias vezes mais do que o preço pago pelo UBS.

Ainda assim, se o UBS registrar um ganho extraordinário com o deságio, muitos investidores verão isso como uma peculiaridade contábil, e não como um sinal de força do negócio subjacente. E os executivos, cientes de que esse ganho possa ser mal recebido na Suíça, foram rápidos em apontar os riscos assumidos em uma integração que pode levar vários anos.

A Bloomberg havia informado anteriormente que o banco poderia obter um ganho de até 51 bilhões de francos suíços com o deságio antes de quaisquer baixas contábeis de ativos. O número foi baseado em cálculos do valor contábil do Credit Suisse, de 54 bilhões de francos no final de março, e os 3 bilhões de francos pagos pelo UBS.

O ganho contábil está entre os maiores já registrados por um banco em um único trimestre, superando de longe a marca anterior.

O lucro de US$ 14,3 bilhões do JPMorgan Chase no primeiro trimestre de 2021 é o recorde moderno para bancos americanos e europeus.

O UBS se beneficia de uma garantia do governo de 9 bilhões de francos suíços para uma certa parcela de possíveis perdas com posições do Credit Suisse. No entanto, o diretor-presidente do UBS, Sergio Ermotti, disse na semana passada que é “excepcionalmente improvável” que o governo sofra um impacto financeiro.

No entanto, o banco fez uma série de estimativas preliminares sobre baixas contábeis que podem ser necessárias quando o acordo for fechado. Uma reavaliação de cerca de US$ 5,9 bilhões foi calculada para os ativos, como hipotecas na Suíça, e outra de US$ 3 bilhões em ativos de trading, o que inclui aqueles dos quais o banco vai se desfazer.

O UBS indicou que planeja encolher significativamente o banco de investimentos do Credit Suisse, que está no vermelho.

A equipe do UBS conduz atualmente um processo de diligência prévia do Credit Suisse, e o acordo deve ser fechado nas próximas semanas.

Ao contrário de aquisições com padrões mais normais, o UBS não conseguiu realizar uma revisão dos livros do banco, o que costuma levar meses.

O UBS enviou uma equipe encarregada de avaliar a lista de clientes e talentos de seu ex-rival, bem como quais linhas de negócios devem ser destinadas a uma unidade de alienação, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

O Credit Suisse tinha uma longa lista de complicações legais que podem custar caro ao UBS. Casos não resolvidos abrangem uma condenação criminal embaraçosa por facilitar a lavagem de dinheiro de um traficante de cocaína búlgaro a um acordo de meio bilhão de dólares ligado a um escândalo de suborno relacionado a uma frota de pesca de atum em Moçambique.

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