Invasão da Ucrânia

Um ano de Guerra da Ucrânia: Os riscos embutidos ao prolongamento do conflito

24 fev 2023, 20:07 - atualizado em 24 fev 2023, 20:08
Ucrânia
Guerra da Ucrânia completa 1 ano sob impasse e tom bélico inflamado (Imagem: REUTERS/Valentyn Ogirenko)

Um ano atrás, o exército comandado por Vladimir Putin cruzava as fronteiras da Ucrânia para realizar o que quis chamar de “operação militar especial”.

O presidente russo só não contava que a ação militar se transformaria em uma guerra moderna de trincheiras, com avanços insípidos no terreno ucraniano, mas que custaram a vida de mais de 300 mil pessoas ao longo dos últimos 365 dias, de acordo com estimativas das forças armadas norueguesas.

A guerra da Ucrânia entra no segundo ano de conflito sob um estado de impasse e elevação do tom bélico por parte de Putin e da aliança ocidental, capitaneada pelos EUA.

De acordo com Christopher Garman, diretor das Américas da Eurasia Group, a possibilidade de uma escalada do conflito, com envolvimento direto da Otan, aumentou para 30% após o envio de mais de 100 tanques dos países ocidentais para as linhas de combate da Ucrânia.

Deste cenário, há 10% de chance de que a Rússia empregue táticas nucleares na Ucrânia; ataques cibernéticos à infraestrutura de países da aliança militar ocidental também se apresentam como risco de escalada do conflito.

Uma ‘linha vermelha’ citada pela Eurasia para um possível uso de armas nucleares seria a tentativa ucraniana e da aliança ocidental de reconquista da Criméia, anexada por Moscou em 2014 após os eventos que levaram à deposição do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych.

O diretor da Eurasia também salienta a falta de perspectiva por uma saída diplomática do conflito, das condições atuais, uma vez que oficiais do governo ucraniano não devem aceitar nenhuma proposta que não passe pela restituição integral do seu território.

Nesse sentido, o prolongamento da guerra continua alimentando riscos geopolíticos aos mercados globais, servindo de gatilho para mais pressões inflacionárias e piora da eficácia econômica.

Guerra da Ucrânia traz riscos geopolíticos à mesa dos mercados acionários

A geopolítica se tornou um tema cada vez mais discutidos por investidores e pode ser mais uma das travas para o investimento nos mercados de ações nos próximos anos.

A questão Rússia-Ucrânia abriu brecha para o acirramento geopolítico de outro conflito, compreendido pela possibilidade de uma incursão militar em Taiwan como parte do objetivo de “reunificação” do território chinês.

Nesse sentido, a diretora de assuntos corporativos da China pela Eurasia Group, Anna Ashton, em entrevista à revista Barron’s, espera que os EUA aumentem o número de restrições sobre companhias chinesas nos próximos anos, em caso de uma escalada militar na região.

No curto-prazo, essas medidas poderiam ser semelhantes àquelas empregadas para punir as seis companhias envolvidas na fabricação do balão chinês abatido na costa da Carolina do Norte.

Os alvos potenciais das sanções econômicas podem variar desde empresas do setor industrial ao de semicondutores. Ashton também salienta que as sanções americanas podem atingir até mesmo companhias de outros países que negociam com a China.

Os EUA têm tentado encorajar seus principais parceiros comerciais a tomar medidas cada vez mais restritivas ao mercado chinês, incluindo limitar o seu acesso a tecnologias avançadas que poderiam ser usadas nos programas militares e de espionagem do país.

Como exemplo dessa tendência, está o banimento do uso do TikTok, da empresa chinesa ByteDance, nos celulares de funcionários de alto escalão da União Europeia e dos EUA.

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Empresas aceitarão ineficiência por segurança

guerra da Ucrânia precipitou a entrada em uma nova ordem internacional, expulsando a Rússia do círculo ocidental e a aproximando de outros parceiros emergentes.

Como comentado pela BlackRock em sua tese de investimentos para 2023, a gestora informa que o novo desenho geopolítico deve avançar em detrimento da eficiência econômica, com a repriorização do fornecimento local de bens e serviços podendo se provar mais custoso para as companhias do que as atuais cadeias de valor transnacionais.

A visão é compartilhada por Garman que entende que “aceitar ineficiência econômica por segurança está na ordem do dia”. O diretor da Eurasia destaca que está aumentando o número de empresas que buscam a consultoria para entender maneiras de diminuir, por exemplo, sua diminuição à China.

O redesenho das cadeias de valor tem aberta oportunidades para países com mercados com potencial de crescimento como é o caso do México, Brasil, de países da África e da Ásia.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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