Coluna
AgroTimes

Uma nova agenda para o crédito rural: Zarc, compliance climático e monitoramento

06 ago 2025, 11:55 - atualizado em 06 ago 2025, 11:55
credito-rural-zarc-agronegocio
(iStock.com/fotokostic)

A publicação da Resolução CMN nº 5.229/2025 representa um divisor de águas na política agrícola brasileira, ao tornar obrigatório o cumprimento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) como critério técnico para a concessão de crédito de custeio agrícola ao médio e grande produtor rural.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Trata-se de um avanço institucional importante na agenda de gestão de riscos agropecuários, promovendo a expansão de uma exigência que antes recaía apenas sobre pequenos produtores vinculados ao Proagro — Programa de Garantia da Atividade Agropecuária. Com isso, o Zarc passa a ter um papel central no planejamento agrícola em todas as escalas produtivas.

No entanto, a resolução traz novos desafios de implementação, principalmente no que se refere à forma de controle e verificação do cumprimento do Zarc  pelas instituições financeiras.

A grande pergunta é: Se o crédito é concedido antes do plantio, como garantir que o produtor seguirá, de fato, as indicações do Zarc?

A resposta parece apontar, inicialmente, para um modelo declaratório: o produtor assume a responsabilidade de respeitar a janela de plantio e as recomendações técnicas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Contudo, é razoável supor que a simples autodeclaração não seja suficiente para atender ao objetivo maior da norma — que é reduzir riscos climáticos e melhorar a performance do crédito agrícola.

Com o avanço das tecnologias de sensoriamento remoto e georreferenciamento, já é possível monitorar em larga escala o comportamento das lavouras.

Portanto, não há mais obstáculos técnicos para que as instituições financeiras adotem mecanismos de verificação remota do cumprimento do Zarc.

Mesmo que o Banco Central ou o Manual de Crédito Rural (MCR) não venham a exigir formalmente esse monitoramento, o risco reputacional e o compromisso com os resultados sociais e ambientais da política pública deverão motivar as instituições financeiras a adotarem, voluntariamente, sistemas de rastreamento e auditoria das áreas financiadas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

É provável, inclusive, que a imprensa e a sociedade civil organizada passem a cobrar essa coerência institucional com mais intensidade. Afinal, como justificar o financiamento de lavouras fora do zoneamento técnico se o crédito foi concedido com base na nova regra?

Portanto, o setor bancário terá um papel decisivo na entrega do resultado esperado pela política pública: menos perdas, maior eficiência do crédito e mais sustentabilidade ambiental.

Isso exigirá uma evolução na capacidade técnica dos bancos, com integração de dados climáticos, plataformas de sensoriamento remoto e parcerias com empresas especializadas em monitoramento agrícola.

Nesse sentido a exigência do Zarc para o crédito de custeio é um marco importante da política agrícola nacional. Mas, para que produza os efeitos esperados, ela exige muito mais do que um item formal na concessão do financiamento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Requer responsabilidade técnica, capacidade de monitoramento e compromisso com a efetividade da política pública.

O caminho está dado. Cabe agora às instituições financeiras assumirem o protagonismo e mostrarem que estão preparadas para uma nova era do crédito rural, pautada por dados, tecnologia e compromisso com o risco.

  • LEIA TAMBÉM: Market Makers destrincham o ‘método de investimento de Mugler e Buffett’ em 3 aulas gratuitas; veja

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Compartilhar

WhatsAppTwitterLinkedinFacebookTelegram
Ex-Diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), bacharel em Direito e Administração, e se especializando em Agronegócio pela Esalq/USP. Atualmente, atua como Consultor Técnico da Câmara Temática de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA e é sócio e consultor da AgroStratégia Consultoria e Negócios.
jonatas.pulquerio@moneytimes.com.br
Ex-Diretor de Gestão de Risco da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), bacharel em Direito e Administração, e se especializando em Agronegócio pela Esalq/USP. Atualmente, atua como Consultor Técnico da Câmara Temática de Gestão de Risco Agropecuário do MAPA e é sócio e consultor da AgroStratégia Consultoria e Negócios.
Quer ficar por dentro de tudo que acontece no mercado agro?

Editoria do Money Times traz tudo o que é mais importante para o setor de forma 100% gratuita

OBS: Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies.

Fechar