Usiminas (USIM5): O que muda com a Ternium assumindo o controle da companhia e o que deve acontecer com os acionistas
Analistas do mercado financeiro avaliam que a recente aquisição, pela Ternium, das participações restantes detidas pela Nippon Steel e Mitsubishi no controle da Usiminas (USIM5) deve fortalecer o grupo latino como líder regional, mas traz desafios operacionais e financeiros, em um contexto de demanda fraca e forte competição.
A operação já era esperada desde um acordo firmado em 2023 entre os controladores, que deu à Ternium a opção de comprar essas participações remanescentes, o que indica ser esta uma movimentação estratégica dentro do planejado.
A Ternium, parte do grupo europeu Techint, entrou no capital da Usiminas em 2012, quando comprou as participações detidas por Votorantim e o antigo grupo Camargo Corrêa.
Ternium e Nippon Steel passaram anos em desacordo sobre a gestão da Usiminas, um conflito que só foi solucionado em 2018, com um acordo que previa a alternância de indicações de cada grupo para a presidência-executiva da siderúrgica mineira.
A Ativa Investimentos ressalta que essa nova configuração acionária traz benefícios, como a simplificação da governança corporativa, maior eficiência no uso do capital e um alinhamento estratégico fortalecido com o acionista majoritário.
A Ternium pagará US$ 2,06 por ação ordinária, o que resultará em um preço de aquisição total de aproximadamente US$ 315,2 milhões em dinheiro por 153,1 milhões de ações ordinárias, aumentando sua participação no grupo de controle da Usiminas de 51,5% para 83,1%. A operação está sujeita à aprovação das autoridades antitruste do Brasil e será financiada com recursos próprios.
O grupo de controle da Usiminas detém a maioria dos direitos de voto da companhia. Após o fechamento da operação, a Ternium Investments e sua subsidiária Ternium Argentina, juntamente com a Confab, subsidiária da sua afiliada Tenaris (todos integrantes do grupo T/T no acordo de acionistas da Usiminas), passarão a deter uma participação total de 92,9% no grupo de controle da Usiminas. A Previdência Usiminas (fundo de pensão dos empregados da Usiminas) continuará a deter os 7,1% restantes.
Vai fechar o capital?
Segundo a Ativa, o custo para que a Ternium feche o capital da Usiminas, hipótese fortalecida agora, giraria em torno de R$ 5 bilhões, com um prêmio de 20%. Esse cenário é plausível, disse a corretora, dado que a Ternium conta com caixa e patrimônio líquido robustos, com cerca de US$ 2,76 bilhões em recursos de curto prazo e US$ 11,98 bilhões em patrimônio ao fim do terceiro trimestre de 2025.
O Citi disse que o principal risco negativo para os acionistas minoritários, entretanto, é a possibilidade de uma potencial deslistagem sem direito a tag-along, com uma possível ampliação da diferença de preços entre as ações ordinárias e preferenciais da Usiminas.
Já o BTG Pactual relacionou o desempenho da Usiminas às discussões antidumping correntes no Brasil, cujo desfecho está previsto para fevereiro ou março do próximo ano, envolvendo aços laminados a frio (CRC) e revestidos — medidas essas que têm alta probabilidade de serem implementadas e que poderão influenciar o comportamento das ações da companhia. A recomendação permanece neutra, aguardando maior visibilidade sobre esses fatores.
Em junho, o Departamento de Defesa Comercial (Decom) abriu uma investigação sobre exportações de 25 tipos de produtos de aço da China, suspeitos de serem vendidos no Brasil por preços abaixo dos praticados no mercado chinês (dumping). Se comprovado o prejuízo à indústria nacional, o governo poderá impor tarifas antidumping por até cinco anos.
No final de outubro, a Usiminas divulgou prejuízo de R$ 3,5 bilhões no terceiro trimestre, impactada por perda contábil de mais de R$ 2 bilhões relacionada ao valor de seus ativos.