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Vale derrete 11% em três dias e praticamente zera ganhos no ano; e agora?

19 ago 2021, 20:42 - atualizado em 20 ago 2021, 11:15
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Nesta quinta-feira, os preços do minério de ferro despencaram 12%, menor cotação desde dezembro (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Vale (VALE3), em pouco menos de três dias, derreteu 11% e praticamente zerou os ganhos em 2021. O que aconteceu com o mercado de commodities, um setor pujante e favorito para entregar excelentes ganhos? 

Segundo os especialistas consultados pelo Money Times, a grande questão repousa na segunda maior economia do mundo: a China. O país dá mostras de que crescerá menos do que se esperava. Além disso, o governo chinês está cortando a produção siderúrgica para frear a poluição no país.  

Nesta quinta-feira, os preços do minério de ferro despencaram 12%, menor cotação desde dezembro.

De acordo com Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, essa correção é normal e esperada. No geral, os mercados já viam o minério de ferro longe do patamar de R$ 200. Porém, a capacidade de crescimento da China preocupa, especialmente para uma empresa como a Vale, que depende das exportações para o gigante asiático. 

“É natural pensar que o minério, de alguma forma, viria a cair. A preocupação é porque essa queda está vindo por conta de dados mais fracos do que se pensava. Qual vai ser a força da China daqui para frente, qual vai ser a perenidade da demanda de minério? Dois terços da venda de minério de ferro da Vale vai para a Ásia. Existe um peso grande dessa exportação para a companhia”, diz. 

Ações tombaram forte dos últimos dias, chegando ao patamar do início do ano

Muito calma nessa hora

Mesmo com a queda do minério de ferro, a commoditie ainda continua a preços vantajosos, lembra o analista Henrique Esteter, da Guide Investimentos. Para ele, é necessário ter calma. 

“O preço do minério de ferro ainda está atrativo. É importante esperar um pouco mais pois estamos no meio do olho do furacão”, diz.

Segundo André Querne, sócio da Rio Gestão, é difícil que o minério de ferro retorne para a casa dos US$ 200. No entanto, o mundo continuará demandando ferro e aço para crescer.

“A demanda por minério no mundo ainda é muito forte. É uma correção de curto prazo em função da China. Se o mundo continuar razoavelmente tranquilo no cenário externo, provavelmente o minério vai continuar bem valorizado”, aponta.

A opinião é reforçada por Flavio Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, que lembra dos pacotes de infraestrutura e de estímulos lançadas por governos no mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos, que aprovou um plano trilionário, o maior desde o New Deal de Franklin Roosevelt.

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Na visão de Querne, a Vale continua a ter uma margem de lucro muito forte e é uma boa pedida para quem quer ganhar com dividendos e pensa no longo prazo (Imagem: Vale/Divulgação)

Vale a pena ter Vale?

Na visão de Oliveira, se o investidor tiver apetite a risco, a mineradora é uma boa oportunidade de compra.

Porém, ele ressalta que é necessário ter em mente que o setor de commodities é bastante volátil e que, no caso da Vale, depende de um comprador bem específico, a China, uma economia estatal forte. 

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, argumenta que a Vale tem uma gestão bem feita e organizada, um potencial gigantesco para os próximos anos, entrega resultados e tem um ambiente de dólar desvalorizado, que estimula a exportação.

“Com um cenário de indefinição do cenário eleitoral no ano que vem, muitos investidores irão voltar os olhos para as exportadoras. Ainda é um momento favorável. É uma ação interessante para ter”, completa. 

Na visão de Querne, a Vale continua a ter uma margem de lucro muito forte e é uma boa pedida para quem quer ganhar com dividendos e pensa no longo prazo. 

“Mesmo com a queda, a empresa ainda tem geração de caixa, o que representa uma distribuição de dividendos bem elevada para esse ano e para o ano que vem. Nossa opinião é que nesse nível de preço, a Vale tem um potencial de valorização interessante, porém, no curto prazo, a volatilidade pode continuar bem forte”, conclui.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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