Comprar ou vender?

Vale (VALE3): Ação é armadilha ou oportunidade, após resultados do 2T25?

01 ago 2025, 15:52 - atualizado em 01 ago 2025, 15:57
vale vale3
(Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A Vale (VALE3) divulgou os resultados que, apesar da queda do lucro e dos principais indicadores, foram bem recebidos. Por volta das 14h41, a ação subia 0,84%, a R$ 53,91.

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Analistas elogiaram o controle de custos e a eficiência da companhia. Além disso, a empresa aprovou US$ 1,45 bilhão em juros sobre o capital próprio. A Vale também não descarta novos pagamentos extraordinários.

De acordo com o BB Investimentos, a despeito dos menores preços médios realizados em todos os produtos — só o preço médio do minério de ferro caiu 13% no trimestre —, a empresa fez o dever de casa, com números consolidados sólidos e manutenção das margens operacionais.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), foi de US$ 3,4 bilhões, 10% acima da estimativa do BTG Pactual e 7% acima do consenso, impulsionado principalmente por um forte desempenho em metais básicos (25% acima da projeção) e resultados de pelotas melhores do que o esperado (8%).

O banco destaca que, embora o resultado em níquel tenha sido beneficiado por uma reversão de impairment de US$ 76 milhões, a companhia anunciou dividendos decentes (7% anualizado = dividendo mínimo).

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Houve também revisão para baixo no custo caixa do cobre devido a créditos de subproduto de ouro, e uma melhora bem-vinda no custo caixa C1 do minério de ferro para US$ 22,2/t (queda de 11% no ano).

A geração de FCF (fluxo de caixa livre) também foi sólida na visão do banco, em US$ 1 bilhão no trimestre (yield anualizado de 10%). Porém, isso foi sustentado por um capex (investimentos) atipicamente baixo, o que provavelmente não se repetirá (alguns podem questionar a qualidade).

O Banco Safra também destacou a geração de caixa e o Ebitda acima do esperado.

“Acreditamos que os resultados da Vale devem crescer sequencialmente no terceiro trimestre, beneficiados por maiores vendas de minério de ferro e menor custo C1”.

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Vale: Tiro certo

Na visão da Genial Investimentos, a companhia está executando bem a estratégia de migrar o portfólio para onde tem mais demanda.

Em meio a um mercado pressionado, com as usinas de aço na China demonstrando baixa propensão a pagar por prêmios de qualidade, a companhia precisou reorganizar suas prioridades.

Outra alavanca é ser mais eficiente e produzir mais e mais barato.

“Se a companhia não consegue controlar o macro, o dever de casa é abaixar os custos, e isso foi feito”, destaca a corretora.

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Ao todo, o custo caixa C1 de finos de minério de ferro, excluindo compras de terceiros, diminuiu 11% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 22,2/t. Esse é o quarto trimestre consecutivo de redução ano contra ano.

Já os custos all-in reduziram em 10% no minério de ferro (US$ 55,3/t), 60% no cobre (US$ 1.450/t) e 30% no níquel (US$ 12.396/t) a/a, como resultado da implementação de iniciativas de eficiência e pela maior produção.

A queda vai em linha a um desejo do CFO, Marcelo Bacci, de que a empresa tenha maior eficiência. Na semana passada, o executivo disse, em evento da XP Inc, que “todo mundo gosta de crescer e ninguém quer cortar custo”.

Bacci recordou que a companhia já foi a mineradora com o menor custo do mundo.

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Armadilha ou oportunidade?

De forma geral, analistas consultados pelo Money Times veem a ação atrativa, embora não haja um consenso.

A grande dúvida é saber o comportamento do minério de ferro e o apetite chinês, que vive incertezas.

Segundo a própria Vale, o cenário na China permanece estável.

Em 2025, o governo conseguiu atingir crescimento do PIB acima de 5%. Agora, a empresa não espera grandes mudanças, mas sim estímulos mais comedidos.

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“Os principais indicadores — como investimento fixo, estoques e estabilização da produção de aço — não apresentaram grandes surpresas no mercado chinês”.

O Safra nota que as opiniões sobre os preços realizados estão divididas: os preços do minério de ferro no terceiro trimestre estão até agora 2% abaixo da média do segundo trimestre (com os preços à vista 3% acima da média do 2T25).

Já os preços do cobre estão 2% acima (à vista 2% abaixo), e os preços do níquel estão 1% acima (à vista 3% abaixo).

“Tornamo-nos marginalmente mais construtivos quanto à resiliência dos preços do minério de ferro”.

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Ainda segundo o banco, a administração da Vale pode querer reduzir ainda mais a dívida líquida expandida antes de pagar dividendos extraordinários.

“Vemos com bons olhos a decisão da companhia de utilizar instrumentos financeiros para apoiar seu programa de recompra de ações. Ao fazer isso, a Vale preserva caixa e mantém exposição às variações do preço de suas ações”.

A recomendação é de compra.

China vai ajudar?

O BB Investimentos é outra casa otimista com o papel, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 65.

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A analista Mary Silva lembra que, mesmo com a instabilidade adicional aos mercados — e especialmente à bolsa — trazida pelo anúncio de tarifas do presidente norte-americano Donald Trump, as ações VALE3 ganharam tração nos últimos 30 dias, em linha com a recuperação no preço do minério.

Além disso, há cenário mais construtivo para o setor de siderurgia na China, com:

  • crescimento do PIB do país no segundo trimestre acima do esperado;
  • estratégia do governo de eliminação de capacidade obsoleta do setor;
  • promessa de novos incentivos à economia, que renovaram o fôlego para o setor e sustentaram uma alta relevante nos preços de minério de ferro nas últimas semanas;
  • e o anúncio sobre a construção de uma mega usina hidrelétrica no país, que pode demandar elevado volume de aço.

Esperar para ver

Mesmo elogiando os números, o BTG ainda está cético. Segundo os analistas, o forte desempenho atual da ação parece mais especulativo do que ancorado em fundamentos.

“Optamos por aguardar maior clareza sobre o cenário macro antes de fazer mudanças relevantes. A narrativa macro da China ainda é frágil (apesar do noticiário), o que pressiona todo o complexo de aço e gera uma pressão negativa sobre os preços de minério (acreditamos que os preços devem eventualmente corrigir vs. níveis atuais)”.

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O banco também vê novas revisões negativas para a companhia no segundo semestre, à medida que investidores se ajustam a um ambiente de preços de minério mais fracos (a US$ 95/t em 2025 e US$ 85/t em 2026).

“Achamos difícil enxergar retorno relevante na avaliação atual, com o papel sendo negociado a ~4,5x Ebitda em 2025 e dividend yield de 7%”.

Veja as recomendações

Casa Recomendação Preço-alvo
Safra Compra R$ 68
Itaú BBA Compra US$ 13 (ADR)
XP Investimentos Neutra R$ 66
Genial Compra R$ 64,50
BTG Pactual Neutra R$ 65
Bank of America Compra US$ 11 (ADR)
BB Investimentos Compra R$ 65

 

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.