Vale (VALE3): Após produção forte no 3T25, ação sobe 1%; é hora de comprar?

As ações da Vale (VALE3) subiam 1,2%, a R$ 61,53, em linha com o desempenho do minério de ferro e depois de a empresa divulgar o relatório de produção e vendas do terceiro trimestre. Analistas, de modo geral, avaliaram o desempenho como positivo, mas a recomendação de compra não é consenso por causa da perspectiva para a demanda por minério de ferro.
O mercado enfrenta incertezas macroeconômicas, incluindo a ameaça de uma tarifa de 158% dos Estados Unidos sobre produtos chineses, além de fatores sazonais que podem aumentar a oferta e reduzir a demanda, como cortes na produção de aço na China.
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A XP Investimentos manteve a recomendação neutra para as ações da Vale, mas destacou que a companhia demonstra flexibilidade operacional e capacidade de ajustar seu mix de produtos conforme o mercado, além de seguir bem posicionada para cumprir o guidance de produção de 2025.
Para o BTG Pactual, há dificuldade em enxergar uma margem de segurança necessária para ficar mais positivo na tese, especialmente considerando uma visão do banco de que os lucros permanecerão limitados.
A ação, para os analistas da instituição, oferece um potencial limitado em um cenário mais conservador de preços de minério de ferro.
O banco vê um FCF yield para 2026 abaixo de 10%, dado o risco macroeconômico do minério e a forte dependência da empresa em relação à infraestrutura, ao setor imobiliário e às exportações chinesas.
Resultado sólido para a Vale?
Para o BTG, a qualidade do relatório de produção reforça a visão de que a Vale deve apresentar resultados sólidos no 3T, sendo provavelmente um dos destaques dentro da sua cobertura neste trimestre.
O Bradesco BBI citou uma produção forte e preços resilientes, com expectativa de Ebtida de US$ 4,2 bilhões no trimestre (aumento de 14% em base anual), com divulgação prevista para 30 de outubro.
“Reiteramos nossa recomendação de compra para VALE3, com perspectiva de continuidade no momento positivo de resultados, apoiado por preços firmes de minério de ferro, maturação de projetos e disciplina de custos. A ação negocia a 3,5x o múltiplo EV/bitda para 2026, abaixo da média histórica e de seus pares australianos”, disse o banco em relatório disponibilizado pela Ágora Investimentos.
Segundo a Genial Investimentos, o trimestre deve mostrar uma recuperação operacional consistente, sustentada por maiores volumes de vendas, melhora dos prêmios e custos sob controle.
A corretora projeta receita líquida de US$ 10,4 bilhões, aumento de 18% em relação ao trimestre anterior, Ebitda de US$ 4,3 bilhões, alta de 26%, e lucro líquido de US$ 2,6 bilhões, crescimento de 22%.
A casa destaca, no entanto, que o preço do minério de ferro segue “anormalmente sustentado” entre US$ 100 e US$ 105 por tonelada — um nível considerado acima do esperado — e que o cenário ainda requer cautela diante da possível expansão de oferta global e do ambiente macroeconômico desafiador.
O relatório do 3T25
A produção da Vale totalizou 94,4 milhões de toneladas no terceiro trimestre, alta de 3,8% em relação ao ano anterior, com destaque para o desempenho recorde de S11D e o avanço do projeto Capanema, em Minas Gerais.
As vendas de finos de minério de ferro somaram 75 milhões de toneladas, refletindo melhora na logística e redução do gap entre produção e embarques, enquanto o preço realizado subiu para US$ 94,4 por tonelada, acompanhando o movimento positivo dos prêmios.
A produção de pelotas, por outro lado, ficou fraca, com queda de 22,8% na comparação anual, mas foi compensada pelo bom desempenho dos finos.
Entre os metais básicos, o cobre teve preço realizado acima da curva da LME, enquanto o níquel manteve estabilidade, ainda com rentabilidade limitada.
Para a Empiricus Research, depois de alguns anos de resultados abaixo das expectativas, a Vale vem demonstrando ótima evolução nos últimos trimestres, e aos poucos vem reconquistando a confiança do mercado. “Por apenas 4x Ebitda esperado para 2026, Vale segue na carteira da Empiricus Research”, disse o analista Ruy Hungria.