Vale (VALE3) foca em projetos próprios para crescer em vez de fusões e aquisições, diz CEO
A Vale (VALE3) vê o mercado atual de fusões e aquisições na mineração “desafiador” e acredita que o potencial de criação de valor e crescimento da companhia está no desenvolvimento dos próprios corpos minerários, disse o presidente Gustavo Pimenta nesta terça-feira.
“A gente não precisa, a gente tem um potencial minerário muito grande, e é ele que a gente vem trabalhando para poder crescer”, afirmou Pimenta, a jornalistas, nos bastidores do congresso de mineração Exposibram.
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Questionado se poderia ter avaliado uma eventual oferta pela canadense Teck Resources, que anunciou um acordo de fusão com a Anglo American, Pimenta disse que não.
“A gente não analisa, não está na nossa pauta hoje. Principalmente porque, no caso da Vale, eu acho que o nosso grande diferencial é o desenvolvimento dos nossos próprios corpos minerários”, afirmou.
O executivo também foi questionado sobre o interesse em adquirir a Bamin, na Bahia, e respondeu que a companhia “está sempre olhando todos os projetos de desenvolvimento no Brasil, principalmente no minério de ferro”, um comentário padrão para falar sobre o assunto.
Entretanto, ressaltou que atualmente “tem outras prioridades do ponto de vista de alocação de capital”.
Vale deve retomar posição de maior mineradora de ferro neste ano, diz CEO
O CEO acrescentou que a empresa deve retomar a posição de maior mineradora de ferro do mundo neste ano e segue “muito construtiva” em relação à demanda pela commodity no longo prazo.
A Vale havia perdido o posto de maior produtora global de minério de ferro para a australiana Rio Tinto, após o rompimento de sua barragem em Brumadinho (MG), em 2019, o que demandou uma profunda revisão dos projetos da companhia em busca de maior segurança.
“A gente tem dentro das nossas operações um enorme potencial de trazer projetos, de desenvolver projetos de intensidade de capital baixa, com minérios de alto teor. Então é algo que a gente está muito otimista”, afirmou Pimenta.
A demanda de minério de ferro, segundo ele, virá de movimentos como crescimento populacional, transição energética, eletrificação, urbanização, dentre outros.
Do lado da demanda advinda da transição energética, Pimenta ressaltou que a indústria vai “descomoditizar” com o tempo e a Vale terá que ser capaz de prover soluções de minério de ferro que sejam orientadas às demandas específicas de cada cliente.
“E aqui a Vale tem uma vantagem competitiva: eu falo sem medo de errar que nós somos a companhia mais sofisticada do ponto de vista de minério de ferro do mundo. A gente tem 20 pontos de ‘blendagem’ espalhados pelo mundo, a gente pode ter produtos de alto teor, de médio teor, de baixo teor”, afirmou.
Também nessa linha, a companhia tem apostado na criação de projetos de complexos industriais para a fabricação de aço com menor pegada de carbono.
Esses empreendimentos têm potencial maior para crescerem em locais onde há oferta de gás natural “barato”, o que é o caso do Oriente Médio, acrescentou.