Comprar ou vender?

Vale (VALE3): Notícias sobre venda de 10% de metais básicos são o impulso que faltava para as ações?

28 jun 2023, 19:39 - atualizado em 28 jun 2023, 19:39
Vale, ação
Vale pode concluir venda de participação em metais básicos até setembro (Imagem: Reuters/Washington Alves)

Desde o anúncio de reestruturação da unidade de metais básicos, em setembro do ano passado, muita expectativa foi criada pelo mercado em cima da Vale (VALE3).

Analistas chegaram a avaliar que a divisão é a grande promessa da mineradora para 2023, uma vez que tem potencial de destravar valor à companhia conforme o movimento de transição energética ganha tração.

A Vale está em busca de um parceiro estratégico que compre uma fatia de até 10% na unidade de metais, enquanto ela mesma trabalha para aprimorar e expandir a gestão desses ativos.

A principal aposta do momento é que o Fundo de Investimento Público (PIF), da Arábia Saudita, acerte a compra de participação na divisão. Segundo informações divulgadas pela Bloomberg na última semana, o fundo está em tratativas avançadas para fechar o negócio, que deve movimentar US$ 2,5 bilhões.

Outra matéria, desta vez do Valor Econômico, diz que a transação já recebeu sinal verde do conselho de administração da Vale. Agora, está em fase de preparação de documentos.

A venda de participação também tem data para acontecer: até dezembro deste ano, espera-se que a transação bilionária seja concluída.

Em comunicado para esclarecer as notícias veiculadas, a Vale disse que busca ativamente uma parceria para o seu negócio de metais, mas não pode confirmar o valor de um eventual investimento nem as partes envolvidas.

VALE3 pode ganhar impulso com venda?

Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, considera o valuation posto na transação como bom. Ele explica que a Vale já havia sinalizado a intenção de fazer a operação a 10 vezes EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda), e o processo que tem se desenrolado está próximo disso.

“Hoje, quando você pega Vale, ela está perto de 4 vezes EV/Ebitda. Então, há visualização desse valor”, afirma.

O ponto que chama a atenção é o parceiro, que o analista acredita que poderia ser mais “específico”. Apesar da diversidade dos negócios do PIF, a leitura de Arbetman é de que o mercado poderia estar esperando por um player mais aplicável ao negócio, que tivesse finalidade com o segmento e o movimento de transição energética.

“Se fosse, por exemplo, a Tesla ou uma outra empresa grande, com foco e necessidade de desenvolvimento grande em níquel e cobre, […] ou uma empresa do ramo de mineração com know-how e expertise maior, o mercado conferiria um valor maior”, avalia o especialista.

Arbetman enxerga que existe uma impressão por parte do mercado de que o potencial de valor futuro do negócio seria muito maior se o parceiro fosse mais estratégico, o que se refletiria no desempenho dos papéis da Vale.

Além disso, como o mercado tende a olhar para frente, o valor da operação, a princípio, está dado.

“Essa divisão vai estar sendo 10 vezes EV/Ebitda, e Vale é negociada a 4 vezes. Deveria haver, sim, um impacto no papel. Mas não é o que nós temos visto. E não dá pra falar que vai ter quando divulgarem, porque o mercado paga na frente, já sabe dessas negociações”, reforça Arbetman.

Pós-transação

Para a Ativa, a Vale deve mostrar recorrência na entrega da produção da unidade de metais básicos. Arbetman cita as dificuldades da mineradora de estabilizar as plantas da divisão. Nesse ponto, ter um parceiro com atuação no mercado poderia dar suporte à companhia no processo de estabilização da produção.

Na leitura de um analista do Citi, que conversou com a Reuters, os desafios sobre a independência da unidade em relação à mineradora serão grandes. Para Alex Hacking, o dinheiro da venda não é particularmente importante para a Vale. A questão é saber o que vem depois da transação.

Na avaliação de Hacking, o mercado parece muito focado na venda dos 10% e não está questionando “se a nova estrutura independente é viável”.

“Pode ter uma empresa independente dentro da Vale operando independentemente do conselho de administração geral da Vale?”, levanta o analista. Para ele, é cedo dizer que a nova estrutura terá o sucesso pretendido.

*Com informações da Reuters

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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