Vale (VALE3): O que fez o BTG Pactual mudar sua recomendação para o papel
O BTG Pactual elevou a recomendação da Vale (VALE3) para compra, de olho nos sinais de recuperação da companhia. Na avaliação dos analistas, a mineradora já não é mais a empresa problemática que um dia foi, após ter endereçado os problemas que levaram ao rebaixamento da ação, em março de 2024.
À época, havia conflito no conselho, o desempenho operacional estava abaixo do esperado, a interferência governamental era alta, os problemas herdados (Samarco e Brumadinho) persistiam e o banco observava com preocupação a direção do minério de ferro.
Os sinais de recuperação, no entanto, vêm de todos os lados, com o minério de ferro bem acima das expectativas e a análise fundamentalista surpreendendo positivamente, na visão do BTG.
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No ano de 2025, as ações VALE3 acumulam valorização de quase 20% e os analistas reconhecem que poderiam ter revisado a recomendação no início deste ano, tendo em vista a recuperação após o desempenho inferior causado pelo cenário do ano passado.
“Ainda acreditamos que esta é uma ação subvalorizada, mesmo que tenha havido alguma cobertura de posições vendidas recentemente e compras tímidas por parte de alguns investidores. Embora haja o risco de esta ser uma recomendação tardia, consideramos que o cenário para os próximos trimestres é favorável”, diz o BTG.
Na avaliação do banco, a expansão da produção em Simandou continua sendo o principal risco potencial para a tese, “mas estamos nos sentindo mais seguros de que ela não afetará a estabilidade dos preços em torno da faixa de US$ 95 a US$ 105 por tonelada”.
Sobre dividendos extraordinários, o BTG pondera que, embora no curto prazo devam ser modestos, com um rendimento extra de 1% a 2%, a expectativa é de que ganhem força nos próximos trimestres/anos.
“Nossa projeção para 2026 é de retornos de caixa de 12%”, estima o banco.
Minério de ferro
O BTG destaca que a previsão de minério de ferro acima de US$ 100 por tonelada não se concretizaram, ao menos por ora.
“Nos últimos meses, nossa recomendação Neutra para a Vale foi baseada na expectativa de que os preços cairiam para US$ 90/t devido à menor demanda chinesa e à entrada em operação do projeto Simandou”, colocam os analistas.
Ainda que os riscos persistam, a curva do BTG agora se situa “confortavelmente” acima de US$ 95 por tonelada até 2027.
O banco projeta o minério de ferro a US$ 102 por tonelada para 2026 (de US$ 92,5/t) e US$ 95 por tonelada para 2027 (de US$ 85/t). Já a projeção de longo prazo sobe para US$ 85 por tonelada (de US$ 80/t, em termos reais).
Disciplina de capital da Vale
Após um histórico de alocação de capital que o BTG aponta como “questionável”, a atual equipe de gestão parece a mais disciplinada vista pelo banco em duas décadas.
“Estimamos que a empresa tenha investido um valor próximo ao seu valor de mercado em investimentos ruins nas últimas décadas, portanto, a abordagem recente é encorajadora. A Vale recentemente reduziu seus investimentos de capital de US$ 6,5 bilhões para cerca de US$ 5,5 bilhões sem alterar materialmente o escopo dos projetos”, pondera o BTG.
De olho no futuro, o banco espera que os investimentos de capital para crescimento devem ter uma média de US$ 1,5 bilhão anualmente, impulsionados principalmente por minério de ferro e cobre, com o cobre se tornando o único vetor de crescimento a partir de 2027.
Os investimentos de capital para manutenção devem permanecer próximos a US$ 4 bilhões a 4,5 bilhões, nos cálculos do BTG.
Com um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) acima de US$ 15 bilhões, esses níveis parecem adequados para sustentar retornos de caixa de dois dígitos.