Perspectivas 2023

Veja os desafios que Fernando Haddad vai enfrentar como Ministro da Fazenda

16 dez 2022, 15:17 - atualizado em 16 dez 2022, 15:17
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Lula escolheu Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda mesmo com desaprovação do mercado. (Imagem: Facebook/Fernando Haddad)

Faz uma semana que Fernando Haddad foi confirmado como futuro ministro da Fazenda e ele já está encarando o cenário econômico desafiador que o novo governo enfrentará em 2023.

Entre os problemas que aguardam Haddad estão a inflação persistente, combinada com a desaceleração da economia.

Dizem os economistas que só a inflação já é motivo de quedas de muitos governos pelo mundo. Então, Haddad já começa com o pé esquerdo.

No entanto, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, lembra que o próximo ano será marcado pela alta nos gastos do governo.

“Quando a gente olha para o PIB, dificilmente vamos ter uma surpresa muito grande na parte de consumo. Por outro lado, os gastos do governo com essa PEC da Transição, com certeza, vão ser maiores do que as projeções do mercado”, afirma.

Além da PEC, também são esperadas algumas demandas reprimidas da sociedade, como a revisão da tabela do Imposto de Renda e também o aumento do funcionalismo público e de gastos sociais.

Veja os desafios que Fernando Haddad terá de enfrentar em 2023

Conquistar o mercado

O primeiro obstáculo do novo ministro é conquistar o mercado. Desde a campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva existia uma dúvida de qual seria a postura econômica de Lula e surgiram rumores de que ele escolheria um perfil técnico para a Fazenda.

No entanto, o mercado levou um balde de água fria quando ficou claro que Haddad é quem assumiria a pasta. Para controlar os ânimos, ele colocou pessoas de peso em sua equipe, como os economistas Gabriel Galípolo e Bernard Appy.

Além disso, na quinta-feira, durante uma entrevista à GloboNews, garantiu que vai trabalhar no projeto de uma nova âncora fiscal e que impulsionará o avanço da reforma tributária no Congresso.

As declarações de Haddad ajudaram o Ibovespa (IBOV) em um dia de tensão em torno do anúncio de que Aloizio Mercadante será presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Haddad não era um nome bem-visto pela maioria e esta conquista de confiança passa pela montagem da equipe e pelo novo arcabouço fiscal”, destaca Ricardo Pompermaier, estrategista da Davos Investimentos.

Risco fiscal

Lula é extremamente cobrado por responsabilidade fiscal e a PEC de Transição é um ponto que deixa o mercado com o pé atrás. Durante a semana, Haddad também conseguiu ganhar alguns pontos ao falar que a expansão fiscal pode não ajudar a economia.

“O discurso de Haddad ajuda a conter as perspectivas mais pessimistas dos agentes econômicos, mas ainda assim está longe de construir a credibilidade necessária para a contenção de despesas que o Brasil necessita”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Por isso, uma das primeiras medidas que o novo ministro deve tomar é em relação ao teto de gastos. Lula já se posicionou contra a atual âncora fiscal e Haddad deverá apresentar uma nova forma de controlar os cofres públicos.

Os economistas afirmam que o ideal seria cortar gastos, mas o novo governo já deixou claro que isso não deve acontecer. Então, a expectativa de um fiscal mais responsável já ajuda no combate à inflação, ao mesmo tempo que traz crescimento.

Reforma tributária

Bernard Appy não está na equipe de Haddad à toa. O novo governo deve avançar com a pauta de reforma tributária e Appy é especialista nisso, tanto que a sua proposta de reforma está tramitando no Congresso.

Entre as discussões estão a revisão da tabela do IR e também a taxação de grandes fortunas e de dividendos.

“A reforma tributária deve sair e tem um grande potencial de investidor porque um dos maiores especialistas no assunto está na equipe. Ou seja, Haddad tem tudo para fazer uma grande reforma benéfica para o país”, afirma Gustavo.

Controlar os outros ministérios

O estrategista do RB Investimentos ainda destaca que Haddad também precisará aprender a controlar as iniciativas de outras pastas do novo governo.

Flávio Dino disse outro dia que vai rever os acordos de leniência para que empresas paguem parte das dívidas em serviços. Isso frustraria bastante a receita e incentivaria outras empresas a não pagar. A gente vê o Guilherme Boulos falando em rever o marco do saneamento. Isso dá uma insegurança jurídica gigantesca e também trava diversos investimentos potenciais”, exemplifica.

Gustavo ainda lembra que a reforma administrativa não é uma pauta defendida pelo PT. Então, ela deve ser deixada de lado por Lula, assim como deve ter um reajuste salarial para os servidores públicos.

Ou seja, Haddad precisará saber dizer “não” para alguns aliados se quiser ter sucesso na Fazenda.

Privatizações

Lula já deixou claro que não aconteceram privatizações durante o seu governo. No entanto, Haddad já chegou a destacar a importância das Parcerias Público-Privadas (PPPs) para viabilizar investimentos e obras de infraestrutura no próximo governo.

Durante a entrevista à GloboNews, inclusive, o futuro ministro da Fazenda chegou a citar o metrô de São Paulo como exemplo positivo. Haddad foi prefeito de São Paulo entre 2013 e 2016.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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