Recessão

Veja os sinais de que os Estados Unidos podem entrar em uma recessão

15 jun 2022, 15:22 - atualizado em 15 jun 2022, 15:27
Sobreposição da bandeira dos Estados Unidos com uma nota de dólar
(Imagem: Shutterstock)

Pandemia, guerra, inflação, rali das commodities, crise sanitária na China: a soma de tudo isso e mais um pouco colocou a economia americana em maus lençóis. O que não faltam são indicadores econômicos com resultados ruins. E tem quem defenda que o país está à beira de uma recessão. 

No mês passado, o banco Credit Suisse classificou como “muito alta” a chance de uma recessão nos Estados Unidos para o segundo semestre de 2023 e que a piora das perspectivas econômicas tem alterado as projeções de lucros das empresas – o que afeta as bolsas de valores. 

A secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, tenta acalmar os ânimos, afirmando que não há nada que sugira uma recessão econômica no curto prazo no país. No entanto, o ex-secretário do Tesouro, Larry Summers, pensa diferente. Segundo ele, quando as taxas de inflação e desemprego se desencontram, quase sempre tem um período de recessão em seguida. “Eu olho para o que está acontecendo nos mercados de ações e títulos, para onde está o sentimento do consumidor e acho que certamente há um risco de recessão no próximo ano”, afirmou em entrevista para a CNN.

O Federal Reserve também usou todas as ferramentas possíveis para apoiar a economia durante a crise da covid: manteve os juros baixos e jorrou dinheiro no mercado através da compra mensal de US$ 120 bilhões em títulos. “É a tempestade perfeita”, afirma Beto Assad, analista de ações e consultor financeiro do aplicativo Kinvo. “As taxas de juros e de desemprego estão muito baixas e reajustar os juros não vai aquecer a economia tão rápido. Por isso, a gente deve ter dois ou três anos complicados pela frente. Agora, se isso vai virar uma recessão, só o tempo dirá.”

Apesar das preocupações, o pesquisador associado  do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), Livio Ribeiro, destaca que existe uma diferença entre recessão e desaceleração econômica. “Para conseguir trazer a inflação de volta para a meta de médio prazo, o crescimento da economia precisa ser menor. Mas isso não significa uma contração econômica, que aí sim seria uma recessão”, afirma. 

O Morgan Stanley também tem uma visão mais conversadora. No mês passado, o banco destacou que existem indicadores positivos, como os dados de emprego, que descartam a possibilidade de uma recessão. Ainda assim, o mercado em geral está passando por uma forte desaceleração.

Veja os sinais de que a economia dos Estados Unidos está ou não para cair em uma recessão: 

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho é um dos principais indicadores de que existe esperança para os EUA. Em maio, a taxa de desemprego permaneceu em 3,6% pelo terceiro mês consecutivo – o número está apenas um décimo acima do nível registrado em fevereiro de 2020, na pré-pandemia.

Além disso, foram abertos 390 mil postos de trabalho. O resultado surpreendeu por estar acima da projeção do mercado de 325 mil, por mais que esteja abaixo dos 436 mil dos registrados em abril. A taxa salarial também teve ganhos sólidos, com uma taxa 5,2% superior à de maio de 2021. 

O banco central americano já tinha sinalizado que atingir o pleno emprego era um dos objetivos para começar a aumentar os juros para combater a inflação. 

Balanços e bolsa

Apesar dos pesares, a maioria das empresas do S&P 500 surpreenderam positivamente no primeiro trimestre. Dados da Refinitiv mostram que, pelo menos, 77% das companhias listadas no índice reportaram lucros acima das projeções do mercado. Ponto positivo. 

A questão é que o consumo no país está se deteriorando. Em junho, o índice preliminar de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, caiu para a mínima de 50,2, ante leitura final de 58,4 em maio. E isso pode afetar as empresas – como afetou as varejistas. Só para relembrar: no mês passado, o Walmart e a Target tiveram balanços decepcionantes, puxados pela queda no consumo, além do aumento da inflação e custos dos combustíveis. 

Os investidores também estão avessos a riscos. De abril para cá, Nasdaq e S&P 500 tiveram apenas uma semana fechando no positivo, contra dez no negativo – no ano, as bolsas americanas acumulam perdas de 30% e 21%, respectivamente. 

Inflação

A alta nos preços é o que mais assusta os analistas, principalmente porque ela foi causada pela tentativa de salvar a economia durante a pandemia. Agora o Fed está fazendo o esperado: aumentando a taxa de juros. Hoje, o banco central americano anunciou um reajuste de 0,77 ponto porcentual

O problema é que a percepção do mercado é que o Fed demorou demais para agir, tanto que a expectativa de que o pico da inflação acabasse em maio já caiu por terra. “É muito fácil a gente falar que eles erraram depois que já aconteceu. Mas, sim, o Fed deveria ter mexido nos juros antes, porque o resultado desses reajustes demora para acontecer”, afirma Assad. 

Felipe Simões, economista e diretor da WIT Asset, destaca que o banco central americano agora busca o que o mercado chama de soft landing. Ou seja, uma transição mais gradativa possível para que a economia não sinta tanto. “Uma mudança muito brusca vai pesar muito no bolso do cidadão americano.”

O setor imobiliário, por exemplo, já sente uma disparada nos preços. Em março, o valor dos imóveis subiram 20,6% na base anual, segundo dados do S&P CoreLogic Case-Shiller Indices – trata-se da taxa mais alta em 35 anos. 

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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