Economia

Veja por que o Banco Central deve cortar a Selic só no 3º trimestre de 2023

28 set 2022, 13:18 - atualizado em 28 set 2022, 13:18
Fundo imobiliário
Historicamente, o corte da taxa acontece em torno de seis meses após o pico da inflação. Mas 2023 pode ser diferente. (Imagem: Shutterstock)

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a manutenção da taxa Selic em 13,72% ao ano, pausando um ciclo de 12 altas seguidas. No entanto, o Banco Central não sinalizou até quando deve manter a taxa básica de juros elevada.

Com isso, o mercado já começa a fazer as suas apostas. O Itaú destaca que, historicamente, os momentos de corte de juros coincidem com períodos de pico da inflação.

“Historicamente, períodos em que a inflação atingiu seu valor máximo coincidiram com momentos em que a taxa Selic estava em nível nominal mais elevado, com o movimento de corte ocorrendo, aproximadamente, seis meses após o mês em que o IPCA fez seu pico”, diz em relatório.

Mas, desta vez, o cenário deve ser diferente: apesar do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter atingido seu pico em 12,1% em abril de 2022, os cortes de juros só devem ocorrer mais de um ano depois.

O banco analisou cinco episódios de corte de juros – nos anos de 2005, 2009, 2011, 2016 e 2019 – e só encontrou condições para um corte bem-sucedido a partir do terceiro trimestre do próximo ano.

Longe da meta

A diferença é que, em todos os períodos, as projeções de inflação em até dois para frente estavam próximas à meta no momento do corte. A única exceção entre os ciclos de corte foi em 2011.

Atualmente, o IPCA de agosto acumula alta anual de 8,73%, sendo que as metas de inflação para 2022, 2023 e 2024 são de 3,50%, 3,25% e 3%, respectivamente, conforme estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Além disso, a projeção do mercado mostra que o IPCA deve permanecer acima das metas: de acordo com com o Relatório Focus da semana, para 2023, a expectativa é de 5% e de 3,50% para 2024. Já 2022 deve fechar em 5,88%.

No que diz respeito à atividade econômica, os cortes em geral aconteceram em momentos de contração do PIB ou taxa de desemprego alta. “As exceções foram 2011 e julho de 2019, sendo que neste último havia desaceleração da inflação e ancoragem de expectativas, criando condições para o corte”, afirma.

A análise aponta que a dinâmica esperada para a inflação e projeções no horizonte relevante, bem como o nível de ociosidade da economia, não possibilitam um corte logo no primeiro semestre de 2023.

Para que o corte seja no segundo trimestre, seria necessária uma piora significativa na dinâmica da atividade econômica, com taxa de desemprego próxima de 12%, e desvalorização do real, com o dólar entre R$ 4,50 e R$ 5,00.

“Por outro lado, uma nova surpresa positiva em relação ao ritmo da atividade econômica ou depreciação adicional na taxa de câmbio (para perto de R$ 6,00 dólar, por exemplo) em função da deterioração do cenário externo ou doméstico seriam compatíveis com atraso do início dos cortes de juros.”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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