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Veja o que é melhor: investir em BDRs ou comprar diretamente ações estrangeiras?

26 out 2021, 18:14 - atualizado em 26 out 2021, 18:38
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Prós e contras: investir diretamente em Wall Street ficou mais fácil, mas, vale a pena? (Imagem: Reuters/Andrew Kelly)

Há um ano, as BDRs (Brazilian Depositary Receipts) tornaram-se acessíveis a qualquer investidor, e não apenas aos qualificados ou profissionais, como determinava, até então, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários. A permissão para que qualquer pessoa invista nesses certificados de ações foi saudada, na época, como uma libertação, já que, desde então, é possível diversificar a carteira não apenas setorialmente, mas também geograficamente.

Isso significa que é possível dar um sonoro “bye-bye” ao risco-Brasil, à economia que patina e, sobretudo, à montanha-russa do Ibovespa. Quem incorporou as BDRs em sua carteira não tem do que reclamar. Apenas neste ano, enquanto o principal índice da B3 amarga um tombo de 8%, o Índice BDRX, que representa as BDRs listadas na Bolsa, dispara 18%.

Que já passou da hora de os investidores brasileiros apostarem no exterior, até os postes da Faria Lima estão carecas de saber. Mas a dúvida mais importante é se é melhor investir lá fora por meio de BDRs, ou comprando diretamente ações de empresas estrangeiras, por meio de corretoras especializadas.

Prós e contras

A resposta, contudo, não é simples e divide os especialistas ouvidos pelo Money Times. Segundo o analista da Toro Investimentos, João Vitor, o investimento direto só faz sentido para investidores mais experientes. Em relação à questão tributária, ele não vê grandes impactos.

As BDRs não contam com isenção de Imposto de Renda, havendo a incidência de 15% de imposto sobre os lucros obtidos na realização de vendas de qualquer montante.

“Não vejo tanta vantagem em uma pessoa física abrir conta lá fora para investir. Não vai gerar um benefício tributário muito relevante. Agora, estruturas mais sofisticadas, como abrir uma offshore, aí teria alguns benefícios em detrimento das BDRs. Mas, do ponto de vista de benefício tributário, não vejo tanta diferença assim”, argumenta.

Ele ainda afirma que declarar as BDRs são mais fáceis em comparação ao investimento direto no exterior. “Não são todas as corretoras que dão o documento mastigadinho, o que pode aumentar a complexidade do processo”, acrescenta.

Já Bruno Rosolini, da Genial Investimentos, pondera que o investidor que prefere montar e desmontar posições em curto intervalo de tempo sofrerá mais com as taxas. Além disso, é necessário ter em mente que ao adquirir uma BDR, você não está comprando uma ação e sim um título que representa uma ação, o que pode gerar distorções.

Caminho livre

A visão é reforçada por Rodrigo Lima, analista de investimentos da Stake. Para ele, investir diretamente no exterior deixou de ser um problema, após a chegada de corretoras que atuam lá fora.

“Passamos desse momento. Fora o acesso: temos menos de mil BDRs disponíveis na B3, enquanto lá fora, são mais de 6 mil ações e ETFs que o investidor consegue acessar diretamente”, compara.

Para Lima, o maior problema das BDRs continua sendo a baixa liquidez, mesmo com o número de investidores mais do que dobrando no último ano, e com o volume negociado triplicando em dois anos.

“Se for executar uma ordem de compra ou venda muito grande, você pode sofrer uns spreads bem danosos para o seu investimento, o que pode atrapalhar muito a performance da sua carteira”, argumenta.

“Investindo no exterior, você tem maior liquidez e maior opção de empresas, o que dá uma certa segurança para o investidor”, afirma.

Próxima fase: BDRs no Ibovespa?

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Vale a pena? Analistas temem que BDRs distorçam o Ibovespa (Imagem: B3/Divulgação)

Com inúmeras empresas planejando abrir capital nos EUA, como o Nubank e o Inter (BIDI11), a B3 está estudando a possibilidade de incluir BDRs com maior liquidez no índice Ibovespa.

Pelas regras atuais da Bolsa, esses certificados não podem fazer parte do IBOV, independentemente de seu volume de negociação. Na opinião de Vitor, da Toro, a revisão faz sentido, desde que se cumpram os critérios adotados pelas outras ações.

Rosolini, da Genial, discorda da iniciativa. “O Ibovespa deve refletir os ativos brasileiros; se você coloca BDRs no índice, pode, de certa forma, maquiar, usar os resultado de empresas lá de fora para tentar fazer com que o nosso índice suba. Fica um pouco confuso: BDR é uma coisa; empresas listadas aqui são outra”, observa.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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