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Venezuela: compradores de petróleo não querem usar a criptomoeda petro

27 jan 2020, 9:16 - atualizado em 24 out 2020, 18:01
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Para aumentar ainda mais as preocupações relacionadas à economia do país, alguns compradores de petróleo alegadamente interromperam suas aquisições por receio de violarem sanções dos EUA (Imagem: Crypto Times)

Desde que Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, apresentou o petro, a criptomoeda vem sendo alvo de críticas.

Para aumentar ainda mais as preocupações relacionadas à economia do país e à adesão turbulenta do pedro, alguns compradores de petróleo alegadamente interromperam suas aquisições por receio de violarem sanções dos EUA.

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Petro por petróleo?

Petróleo é o maior bem de exportação da Venezuela e uma das poucas salvações econômicas do país. No entanto, desde que o governo anunciou que taxas portuárias teriam que ser pagas com a criptomoeda controversa do país, petro (PTR), alguns compradores de petróleo interromperam as aquisições.

Mais de um milhão de barris de petróleo foram deixados de lado após o governo anunciar a mudança na política de pagamento para taxas marítimas específicas, de acordo com a Bloomberg. Diante das sanções dos EUA contra o uso do petro, alguns dos compradores de petróleo interromperam compras.

A criptomoeda petro foi anunciada em 2018 para contornar as sanções dos EUA que atingiram bastante a economia já abalada do país. A moeda digital emitida pelo governo deve ser lastreada em petróleo e nas reservas minerais do país.

“Eu ordenei que fossem emitidos 100 milhões de petro com o sustentamento legal da riqueza de petróleo certificada e legalizada da Venezuela. Cada petro vai ser equivalente ao barril de petróleo da Venezuela”, afirmou Maduro.

Governo venezuelano afirma que sua criptomoeda petro vai ser muito utilizada, mas a própria população não sabe como essa tecnologia funciona (Imagem: Zurimar Campos/AFP)

No entanto, o governo nunca se deu ao trabalho de provar que o valor do petro é lastreado em alguma coisa.

Em vez disso, o governo focou em promover a nova criptomoeda com banners e outras formas de anúncio em todo o país. Porém, o cidadão médio não adotou a nova criptomoeda e tem problemas para entender onde adquiri-la.

Geralmente, compradores internacionais de petróleo usam agentes marítimos quando fazem negócios com a Venezuela para lidarem com taxas portuárias.

No entanto, de acordo com a Bloomberg, pelo menos uma empresa internacional incluiu uma cláusula em seu contrato com um agente para preveni-los de fazer negócios usando a nova criptomoeda lastreada pelo estado, como resultado de sanções dos EUA.

A maioria dos compradores internacionais de petróleo não pagam mais a Venezuela em dinheiro. Em vez disso, ou trocam petróleo por commodities, como diesel ou gasolina, ou recebem petróleo como pagamentos para dívidas pendentes.

O presidente venezuelano não quer apenas usar petro com petróleo, e sim outras commodities do país (Imagem: Pixabay/hamiltonleen)

Petróleo hoje, ouro amanhã

Presidente Maduro parece não querer parar apenas nas taxas portuárias em sua aventura com o petro.

No início deste mês, em declaração ao jornal venezuelano El Nacional, ele disse: “Iremos vender petróleo venezuelano em troca de petros. Já assinamos contratos para a venda de petróleo, aço, ferro e alumínio, e iremos vender parte do ouro por petros”.

Ele também afirmou que o governo apresentou, com sucesso, a criptomoeda nas vidas das famílias venezuelanas, de acordo com a TASS, agência de notícias russa.

Em vista da enorme falta de confiança no governo Maduro e em sua criptomoeda, é improvável que petro vai ter sucesso como uma moeda para comércio internacional. Contudo, oferece uma percepção interessante sobre como criptomoedas governamentais funcionariam no mundo real.

bravenewcoin@moneytimes.com.br