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Via: por que as ações tombaram 7%, mesmo com a disparada de 103% no lucro?

12 ago 2021, 17:41 - atualizado em 12 ago 2021, 17:41
Casas Bahia Via Varejo
Para o Bank of America, embora os resultados tenham sido nitidamente superiores, os resultados operacionais e de lucro líquido da Via vieram aquém ao esperad (Money Times/ Gustavo Kahil)

A Via (VVAR3), antiga Via Varejo e dona da Casas Bahia, reportou números que, no geral, agradaram analistas. Mas alguns pontos ainda geram dúvidas para os mercados. 

Os papéis da varejista caíram 7,3%, a R$ 12,07.

A Ágora Investimentos lembra que apesar da empresa ter mostrado serviço no segundo trimestre, com crescimento de 103% no lucro, a R$ 132 milhões, a margem Ebitda, que mede o resultado operacional, ficou um ponto abaixo do consenso da Bloomberg.

“Achamos que isso pode pesar negativamente nas ações, apesar do forte progresso que está sendo feito no crescimento do volume bruto de mercadoria, GMV em inglês”, aponta.

Para o Bank of America, embora os resultados tenham sido nitidamente superiores, as cifras operacionais e de lucro líquido da Via vieram aquém ao esperado.

“As deficiências parecem atribuíveis às restrições da Covid de abril”, completa. 

A Genial afirma que gostou dos números, mas ele não veio sem seus jabutis.

“Destacamos a piora de suas margens operacionais. Pressionado por uma forte base de comparação, bem como o fechamento de 57% de suas lojas físicas em abril, a Via apresentou uma queda de 12,6% do seu Ebitda, além da redução de 4,3 pontos percentuais na margem”, alerta.

Já a XP ressalta que o crescimento do GMV online foi inferior ao reportado pelo Mercado Livre no Brasil.

Segundo a empresa, cerca de 65% do GMV deveu-se às vendas digitais, que corresponderam a cerca de 7,5 bilhões de reais, incremento de 35,7% na base anual

E-commerce brilha

Sim, apesar de algumas linhas mais fracas da Via, a galinha dos ovos de ouro do varejo, o e-commerce, foi bem para a maioria dos analistas. 

O GMV, importante indicador para esse segmento, do marketplace ganhou um impulso significativo ao longo do trimestre e atingiu quase R$ 1,7 bilhão, depois de rodar em aproximadamente R$ 1 bilhão nos últimos quatro trimestres.

Segundo a empresa, cerca de 65% do GMV deveu-se às vendas digitais, que corresponderam a cerca de 7,5 bilhões de reais, incremento de 35,7% na base anual.

“Começamos o ano com 10 mil vendedores em nossa plataforma e em julho já batemos 70 mil”, afirmou a companhia em comentário sobre o desempenho.

O BB Investimentos destacou o salto nas vendas  no marketplace, que vem acelerando graças às diversas iniciativas que a companhia tem realizado nessa frente para aumentar sua relevância junto aos sellers.

“Vale mencionar, contudo, que já esperávamos neste trimestre um maior ganho de alavancagem operacional refletindo em margens um pouco mais robustas. Acreditamos que, ao longo dos próximos trimestres, a alavancagem operacional será gradualmente recomposta, refletindo em ganho de rentabilidade”, completa.

Para a Ativa, outro ponto que mostra que a Via está no caminho certo é a omnicanalidade e a sua força logística.

“As vendas online foram fortemente impulsionadas pela integração das operações logísticas e pela omnicanalidade da companhia. No trimestre, mais de 90% das vendas online que utilizaram a ASAPLog foram feitas em até 24 horas, além disso, 50% das vendas do e-commerce passaram pelas lojas físicas”, observa.

De acordo com o BTG,  os resultados trimestrais corroboram a tendência geral de recuperação da VVAR (embora a empresa, como outros players de e-commerce, tenha base de comparação forte nos próximos meses).

“Uma potencial reclassificação da  VVAR3 (que é negociada a 0,5x EV/GMV 2021 e 25,7x o preço sobre o lucro para 2021) dependerá não apenas de uma recuperação sustentável no tráfego de consumidores em suas lojas, mas também do desempenho de seu e-commerce, especialmente com o progresso contínuo em novas categorias no marketplace”, diz.

O que esperar daqui para frente?

A Via anunciou uma série de medidas para alavancar o crescimento, como: 

  • construção de um serviço de fulfillment a ser entregue no quarto trimestre;
  • aprovação da licença do Banco Central que permite o banqi a realizar operações de empréstimos e financiamentos para clientes e sellers por meio de sua plataforma eletrônica;

Segundo a Ágora Investimentos, o crescimento em “novas” categorias será fundamental para que a Via continue a ganhar participação no mercado, “e ter uma operação de mercado escalável é claramente um elemento-chave disso”.

Contudo, a XP afirma que um ambiente mais competitivo e uma mudança de posicionamento para a retomada da economia podem trazer volatilidade para as ações do setor no curto prazo.

Para o BB, o preço corrente do papel não reflete seu preço justo nem as diversas iniciativas que a companhia vem implementando para desenvolver seu ecossistema, em especial as relacionadas ao marketplace, soluções financeiras e logística.

Veja as recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo
Bank Of America Compra R$ 19,20
BB Investimentos Compra R$ 18,50
Ativa Compra R$ 19,30
XP Neutra R$ 20
Ágora Neutra
Genial Compra R$ 25

 

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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