Powell joga “balde de água fria” e Wall Street se afasta das máximas; Nasdaq destoa e renova recorde com Nvidia (NDVA)
Os índices de Wall Street renovaram pela quarta sessão consecutiva as máximas históricas intraday. Os fortes ganhos, porém, foram revertidos na reta final do pregão com novas declarações do presidente do Federal Reserve, após decisão sobre política monetária.
Durante o pregão, o índice S&P 500 atingiu os 6.920,34 pontos, novo recorde intradia. O Nasdaq também superou os 24 mil pontos pela primeira vez e o Dow Jones operou acima dos 48 mil pontos, também em movimento inédito.
Confira o fechamento dos índices de Wall Street:
- Dow Jones: -0,16%, aos 47.632,00 pontos ;
- S&P 500: 0,00%, aos 6.890,59 pontos;
- Nasdaq: +0,55%, aos 23.958,47 pontos — no maior nível nominal histórico.
Com o desempenho, os índices interromperam a sequência de recordes.
O que movimentou Wall Street hoje?
Os índices de Wall Street tomaram um “banho de água fria” na última hora do pregão.
O Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) — equivalente ao Comitê de Política Monetária (Copom) brasileiro — cortou os juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4,00% ao ano, como o esperado pelo mercado.
A decisão, porém, não foi unânime: o diretor Stephen Miran, indicado por Donald Trump, votou pela redução de 0,50 ponto percentual, enquanto o presidente da unidade do Fed de Kansas City Jeffrey Schmid sugeriu manter os juros inalterados na faixa de 4,00% a 4,25% ao ano.
No documento da decisão, o Comitê afirmou que os indicadores disponíveis sugerem que a atividade econômica tem se expandido a um ritmo moderado, que a criação de empregos desacelerou e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas permaneceu baixa. A inflação, por outro lado, aumentou desde o início do ano e permanece um pouco elevada.
O BC norte-americano também anunciou que vai encerrar a redução de seu balanço patrimonial de US$ 6,6 trilhões em meio a evidências de que as condições de liquidez do mercado monetário começaram a ficar mais apertadas e os níveis de reservas bancárias a cair.
Já durante a coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou que o ciclo de afrouxamento monetário, iniciado em setembro, pode ser pausado na próxima reunião do Fomc, em dezembro.
“Uma nova redução da taxa básica de juros na reunião de dezembro não é uma conclusão precipitada. Longe disso, a política monetária não está em uma trajetória predefinida. […] Cortamos 25 pontos-base nas últimas duas reuniões e há um forte sentimento de que é hora de pausa [o ciclo de cortes]”, afirmou.
Powell ainda disse que não é possível saber o efeito do shutdown sobre o mercado de trabalho e a próxima decisão de política monetária. A paralisação da máquina pública norte-americana completou hoje 29 dias, sendo a segunda mais extensa na história dos EUA.
Ele também comentou sobre a divergência sobre a trajetória dos juros entre os membros do Comitê. “Nas discussões nesta reunião, houve opiniões muito diferentes sobre como proceder em dezembro”, afirmou Powell.
Após a coletiva, o mercado reduziu as apostas de corte nos juros em dezembro. De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, os operadores veem 56,4% de chance de o Fed reduzir a taxa de referência em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano. Ontem (28), a probabilidade era de 90,5%.
Já a chance de o BC manter os juros inalterados na próxima decisão saltou de 9,1% (ontem) para 39,4% hoje, depois das declarações de Powell.
Outros destaques
Embora a decisão de política monetária tenha concentrado as movimentações, os investidores também operaram em compasso de espera por novos acordos comerciais.
A Casa Branca confirmou, pela manhã, que a reunião entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, está marcada para as 23h (horário de Brasília) de hoje — manhã de quinta-feira (30) na Coreia do Sul. Há a expectativa de suspensão de tarifas de Trump contra Pequim e um acordo sobre terras raras.
No cenário corporativo, Nvidia (NVDA) se tornou a primeira empresa a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado no mundo. Os papéis da gigante de semicondutores subiram mais de 4% com novos anúncios da companhia e sustentaram o índice Nasdaq em território positivo.
Em destaque, o CEO Jensen Huang afirmou que a Nvidia espera receber US$ 500 bilhões em encomendas de chips de IA, além de planos para construir sete novos supercomputadores para o governo dos EUA.
Ainda nesta semana, a empresa também firmou um acordo de investimento de US$ 1 bilhão na companhia de telecomunicações finlandesa Nokia.