XP (XPBR31) cai forte após resultados, apesar de lucro recorde; oportunidade?

A XP Inc (XPBR31) divulgou resultados do segundo trimestre que, apesar de baterem recorde de lucro, levantaram preocupações entre analistas.
O BDR encerrou a sessão com queda de 7,75%, a R$ 87,90.
Na noite da última segunda-feira (18), a empresa anunciou lucro líquido de R$ 1,32 bilhão, alta de 18% frente ao mesmo período de 2024. O número superou as estimativas da LSEG, que apontavam para R$ 1,26 bilhão.
Captação em queda
Apesar do lucro robusto, a captação líquida total foi de apenas R$ 10 bilhões, muito abaixo dos R$ 32 bilhões do 2º trimestre de 2024 e dos R$ 24 bilhões registrados nos três primeiros meses deste ano.
A receita líquida cresceu 6%, para R$ 4,46 bilhões, com destaque para expansão no segmento de varejo. Porém, o Itaú BBA a destacou que o crescimento foi mais fraco do que o esperado.
Por outro lado, a margem bruta melhorou devido à queda das despesas com comissões, considerada a principal razão para a XP superar as projeções.
As despesas administrativas também vieram melhores, elevando o lucro antes dos impostos em 4% e o lucro líquido em 7% em relação ao 1º trimestre.
“No geral, o trimestre demonstrou boa gestão de margens, mas também destacou onde a dinâmica mais fraca da receita líquida pode prevalecer”, afirmou o Itaú BBA.
Safra vê fraqueza frente ao BTG
O Banco Safra também avaliou a receita como ponto negativo, já que ficou 3% abaixo da estimativa conservadora.
O banco chamou atenção para a subperformance em relação ao BTG Pactual (BPAC11), cuja receita cresceu 39% ano contra ano.
Segundo o Safra, a frustração com o Net New Money (NNM) — novo dinheiro líquido — foi relevante. A meta trimestral era de R$ 20 bilhões, mas a captação ficou bem abaixo.
“Temos sido mais conservadores em relação à XP há algum tempo, dado os desafios para sustentar sua vantagem competitiva”, avaliou o banco, que manteve cautela com o papel.
BTG vê oportunidade
O BTG, por sua vez, lembrou que as ações da XP caíram 15% desde o fim de junho, refletindo dois fatores:
- a correção no mercado brasileiro, com fluxos estrangeiros mais fracos;
- o tom mais conservador da alta administração em relação ao NNM e ao crescimento de receitas para 2025.
O banco reconheceu frustração com o desempenho relativo à concorrência, mas vê valor no papel.
“O balanço melhorou, o ROE continua a expandir-se, a geração de capital melhorou e ainda vemos assimetria em relação às ações da XP, em uma base de 12 a 18 meses, com inclinação para cima”, afirmaram os analistas.
O preço-alvo do BTG é de US$ 22 por ADR, com recomendação de compra.
Tanto Itaú quanto Safra possuem recomendação neutra.