Coluna do Daniel Abrahão

4 investimentos para aproveitar a queda da Selic em 2023; até o dólar pode ir aos R$ 4,50

09 jun 2023, 13:56 - atualizado em 09 jun 2023, 13:56
Ibovespa
É hora de repensar os seus investimentos para aproveitar o que de melhor 2023 tem a oferecer, conforme colunista. (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

No cenário atual do mercado financeiro brasileiro, ao menos quatro tipos de investimentos estão no ponto de aproveitamento em 2023.

Afinal, os preços dos ativos de risco tendem a retornar à média, e neste momento, encontramo-nos significativamente abaixo desse patamar.

À medida que entramos no último mês do primeiro trimestre de 2023, a sensação é de que ainda estamos presos em 2022.

A sociedade brasileira continua polarizada e dividida politicamente, perpetuando um cenário que teve início em 2013.

Apesar de maio de 2023 já ter apresentado uma valorização de +3,74%, recuperando parcialmente o prejuízo acumulado até maio de 2023, para -1%, os preços dos ativos de risco continuam sob pressão.

No entanto, esse contexto de desvalorização criou um cenário propício para atrair estrangeiros, uma vez que a avaliação está extremamente descontada, impulsionando o interesse da Bolsa de Valores.

Investimentos em 2023

Nesse contexto, a perspectiva é de que o mercado financeiro brasileiro continue atraindo a atenção de investidores.

A Bolsa de Valores desponta como um local de oportunidades, apresentando um cenário propício para investimentos, mesmo diante das adversidades políticas e sociais que permeiam nossa sociedade.

Em momentos de grande pessimismo, é crucial estar disposto a assumir mais riscos, assim como realizar nos momentos de euforia, mesmo que isso seja mais desafiador.

Agora que os riscos parecem estar verificados, é o momento de diversificar os investimentos, saindo de produtos como CDBs indexados ao CDI e Tesouro Selic.

Sendo hora de aumentar a exposição à renda variável, crédito privado e fundos multimercados com o cenário atual, sem deixar de considerar produtos seguros lastreados em CDI.

Som dos canhões

Apesar de soar como um clichê, vale lembrar a famosa frase “Compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”, cunhada em 1810 e atribuída ao financista Nathan Rothschild.

No mercado, seguiu essa estratégia de “Contrarian Investiment”, caracterizada pela compra e venda em contraste com o sentimento predominante da época.

Adaptando essa estratégia para o cenário atual, mesmo diante do contexto desafiador, testemunharemos uma forte recuperação dos ativos de risco, que já começou há algumas semanas.

Os investidores que optarem por essa abordagem contrária podem encontrar oportunidades de negociação à medida que a confiança se restabeleça e os preços dos ativos de risco se recuperem.

Embora os desafios persistem, é preciso lembrar que os mercados financeiros têm histórico de se adaptarem e se recuperarem, oferecendo retornos atrativos para aqueles que aceitaram assumir riscos calculados.

Governo Lula

Surpreendendo muitos, inclusive o autor deste artigo, o início do novo governo foi marcado por um discurso voltado fortemente à base de apoio ideológico, em vez de buscar uma ampla coalizão de forças que ansiava por sua eleição.

Não faltaram críticas contundentes ao Banco Central, inclusive direcionadas ao seu presidente, além de mudanças no Teto de Gastos e outros fatores que são interpretados como efeitos potenciais na curva de juros futuros, afetando, por consequência, os ativos de risco negociados na Bolsa.

O aumento da interação gerada por esse cenário afeta diretamente o apetite por assumir riscos por parte de empreendedores e investidores, sua propensão a investir em ativos de risco e na economia real como um todo.

Infelizmente, em meio a esse contexto de maior insegurança, ocorreram dois eventos corporativos de larga escala.

No caso, os escândalos da Americanas (AMER3) e da Light (LIGT3), além de uma série de outras menores, incluindo instituições financeiras.

Embora esses eventos não tenham tido impacto sistêmico, prejudicaram o mercado de crédito privado, ocasionado em aumentos nos spreads pagos pelas empresas.

Isso ocorreu mesmo sem que a taxa Selic tenha sofrido qualquer aumento e apesar do fechamento das taxas de juros negociadas no mercado futuro.

Investimentos com nova regra fiscal

O Teto de Gastos desempenhou um papel crucial no controle da dívida pública em um momento crítico de descontrole.

No entanto, revelou-se menos efetivo durante períodos de maior crescimento econômico e mais restritivo durante períodos de estagnação.

Portanto, isso comprometeu os investimentos em setores emergentes, como Educação e Saúde.

Diante desse cenário, é necessário estabelecer um novo arcabouço para lidar com essa nova fase.
Surpreendentemente, o plano proposto pelo ministro Fernando Haddad despertou uma reação positiva no mercado.

Caso o governo siga, esse novo arcabouço poderá reduzir significativamente as despesas.

Isso já seria suficiente para estabilizar a relação dívida/PIB nos próximos anos, com uma trajetória decrescente a longo prazo.

Embora apresente restrições e imperfeições, a proposta traz uma perspectiva encorajadora para lidar com os desafios fiscais.

Se implementado de forma eficiente, poderá trazer mais estabilidade econômica e sustentabilidade fiscal, o que impactaria positivamente o mercado financeiro como um todo.

No entanto, é importante destacar que a situação fiscal do país exige atenção contínua e adoção de medidas responsáveis e eficazes.

Retornos atrativos

A combinação de oportunidades em ativos de risco com uma abordagem cautelosa em relação às questões fiscais permitirá aos investidores buscar retornos atrativos, ao mesmo tempo em que gerenciam os riscos inerentes a esse ambiente complexo.

A mudança na percepção e confiança dos investidores teria um impacto significativo nos preços dos ativos.

Então, também impactaria uma redução expressiva na taxa Selic, buscando fortalecer o processo de ancoragem das expectativas.

Nos últimos 20 anos, um período marcado por turbulências fiscais, a média dos juros reais sobre a dívida bruta do Brasil foi de 3,8%.

O mercado exige um prêmio maior, por exemplo, 5%, como taxas de juros de longo prazo (atualmente em torno de 12%) poderia chegar a aproximadamente 9% até o final de 2024.

Diante dessa perspectiva, é evidente que existe um grande prêmio para os títulos Tesouro IPCA+ negociados no Tesouro Direto.

Além disso, o real se beneficiou desse cenário, considerando que nos últimos três anos nossa moeda tem apresentado desvalorização em relação aos termos de troca.

É plausível imaginar uma taxa de câmbio para o dólar em torno de R$ 4,50.



Ainda na renda fixa, os títulos de crédito privado high grade também oferecem spreads sem precedentes.

São taxas elevadas para CDBs, CRAs, CRIs, LCAs, LCIs e debêntures , que devem passar por uma reprecificação significativa.

Não devemos esquecer também da renda variável.

Afinal, a maioria das empresas brasileiras estão sendo negociadas com múltiplos mais baixos desde 2002.

Oportunidades e desafios

O mercado financeiro brasileiro enfrenta um cenário de oportunidades e desafios.

Os preços dos ativos de risco estão abaixo da média.

Assim, a mudança de percepção e confiança dos investidores pode resultar em uma redução da taxa Selic e valorização de diversos ativos.

Investimentos em renda variável, títulos pré-fixados, crédito privado high grade apresentaram perspectivas favoráveis, com spreads atrativos e múltiplos mais baixos.

Além disso, o real pode se beneficiar de uma taxa de câmbio mais favorável.

No entanto, o cenário fiscal é uma possibilidade que requer consideração, concebeu um novo arcabouço para lidar com as questões de forma equilibrada.

O plano proposto pelo ministro Fernando Haddad despertou reações positivas, podendo reduzir despesas e estabilizar a relação dívida/PIB.

Os investidores devem agir de forma proativa e antecipar as tendências, evitando entrar no mercado quando os ativos já estiverem valorizados.

A busca por retornos atraentes requer análises sólidas, estratégias de longo prazo e diversificação para mitigar riscos.

Em resumo, o mercado financeiro brasileiro oferece oportunidades interessantes, mas é essencial acompanhar de perto o desenvolvimento psicológico e psicológico, tomando decisões embasadas e aquecidas.

Aqueles que agirem de maneira consciente e disciplinada poderão colher os frutos dessa recuperação e obter ganhos expressivos em seus investimentos.

Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
Assessor de investimentos e sócio sênior da IHUB Investimentos. Possui mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro; atuou nos maiores bancos privados do país. Atualmente, é assessor e sócio sênior na IHUB Investimentos, sendo responsável por uma carteira superior a R$ 140 milhões. Sempre traduzindo conhecimento técnico e "difícil" do mercado para facilitar a vida do investidor.
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