Eleições 2022

A privatização da Petrobras (PETR4) pode reeleger Bolsonaro? Veja quais são as chances

03 jun 2022, 16:32 - atualizado em 03 jun 2022, 16:32
Jair Bolsonaro
Prestes a concorrer à presidência e preocupado com a alta nos combustíveis, Bolsonaro defende privatização da Petrobras (Imagem: Flickr/Isac Nóbrega/PR)

Na esteira da solicitação dos estudos de privatização da Petrobras (PETR4), meses antes das eleições, muito tem se discutido a respeito do valor da decisão como bandeira eleitoral para Bolsonaro. Afinal, qual a vantagem de uma Petrobras privatizada?

Alguns defendem que a privatização é o caminho para a queda nos preços, contribuindo para a reeleição de Bolsonaro. Outros especialistas são mais céticos quanto ao impacto da decisão nos preços e na popularidade do presidente, já que o tema ainda é controverso e o eleitorado pode precisar de convencimento.

Privatização entra em pauta meses antes das eleições

Tratando das eleições, o cientista político Antônio Lavareda não acredita que o movimento sirva como bandeira eleitoral para Bolsonaro, já que a maioria do eleitorado é contra a privatização. Segundo Lavareda, a privatização dialoga com setores do mercado de visão mais liberal, mas não com a população.

Paulo Kramer, também cientista político, discorda. Kramer afirma que o impeachment de Dilma Rousseff e a crise dos últimos anos convenceram as elites e a classe política de que “o Brasil precisa deslocar o eixo de sua política econômica para o mercado, não para o Estado”. 

A população, sendo ainda mais liberal que as elites, deve concordar com a medida. O cientista político considera ainda que o marketing eleitoral vai dar conta de relacionar a privatização da Petrobras com a diminuição dos preços. 

E a política de preços da Petrobras?

Embora o aumento do preço dos combustíveis pareça ter motivado a decisão do Governo Federal de incluir a PPI, o economista Paulo Feldmann não acredita que a privatização alteraria a política de preços da Petrobras.

Atualmente, a petroleira segue os preços dos pares internacionais. Feldmann afirma que a política de preços é regra no setor, praticada ao redor do mundo. Uma eventual privatização não serviria para abaixar os preços, segundo o economista, já que os acionistas não aceitariam sair no prejuízo.

O ex-Ministro da Fazenda e economista Maílson da Nóbrega considera que a diminuição de preços é uma possibilidade, mas a longo prazo. 

Segundo ele, a tendência é que a privatização por meio de fragmentação da empresa (modalidade defendida pelo presidente) gere um ambiente de concorrência e impulsione o aumento da eficiência do setor. O ganho, então, seria repassado aos consumidores e o preço cairia.

O futuro da Petrobras

Por esse motivo, ainda que considere que “não há justificativa” para manter a Petrobras estatal, Maílson da Nóbrega afirma não enxergar vantagem na medida como bandeira eleitoral para Bolsonaro. 

O ex-Ministro argumenta ainda que o processo de privatização leva tempo. Além da tramitação nas duas casas do Legislativo, há o tempo de elaboração do modelo de privatização, empreendida pelo BNDS, que “demora mais de um ano”, segundo Nóbrega. Por isso, só seria possível em um segundo mandato.

Paulo César Ribeiro Lima, que atuou como consultor legislativo da Câmara dos Deputados e engenheiro da Petrobras, concorda que o processo de privatização é demorado. 

Ele considera ainda que uma proposta de privatização passaria pela Câmara dos Deputados, mas dificilmente seria aceita pelos Senadores. O consultor legislativo acredita que a privatização só poderia ter sucesso caso Bolsonaro fosse reeleito, e mesmo assim desagradaria a maioria da população.

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Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência como pesquisadora e redatora.
Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência como pesquisadora e redatora.
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