Coluna Robert Lawrence Kuhn

A visão global da China para 2024

08 jan 2024, 13:31 - atualizado em 08 jan 2024, 13:31
china
China estabeleceu quatro novas áreas de cooperação que devem estar no foco em 2024. (Foto: glaborde7/ Pixabay)

Depois de retratar o que aconteceu com o gigante asiático em 2023, nesta perspectiva sobre a China em 2024, irei me concentrar no crescente aumento do envolvimento do país asiático no cenário internacional.

Para tanto, é preciso considerar duas vertentes: a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), que completou 10 anos no ano passado e adentra neste ano rumo a sua segunda década; e as três iniciativas globais, que tratam do Desenvolvimento, da Segurança e da Civilização.

No caso da BRI, a China estabeleceu quatro novas áreas de cooperação que devem estar no foco em 2024. São elas:

  • desenvolvimento verde;
  • economia digital, com ênfase na infraestrutura de interconectividade;
  • inovação, via Inteligência Artificial (IA);
  • e saúde, em especial doenças infecciosas e pesquisa médica.

Aliás, a prevenção de riscos e as garantias de segurança também estão na agenda da BRI, já que muitos dos mais de 150 países que fazem parte da Nova Rota da Seda enfrentam problemas de instabilidade e até terrorismo, visando proteger seus cidadãos.

Iniciativas globais da China para 2024

Porém, esses temas são centrais nas três iniciativas globais da China. Tratam-se das iniciativas globais de desenvolvimento, segurança e civilização, que foram concebidas com o objetivo de reformar a governança global.

As três iniciativas da China tem um roteiro explícito, elaborado pelo presidente chinês Xi Jinping, delineando a ambição chinesa no cenário global. Portanto, é algo que o mundo todo deveria tomar nota.

O tema abrangente da China e a linha de argumento são claros:

  • a humanidade está em uma encruzilhada;
  • a interdependência é inevitável;
  • a nova era pede novas ideias;
  • as grandes iniciativas da China são baseadas na sua história e experiência;
  • é uma nova visão clara para construir um mundo melhor.

As três iniciativas, segundo a China, oferecem soluções para grandes problemas relativos à paz mundial e ao desenvolvimento socioeconômico global. Por isso, o mundo deveria prestar atenção.

Como exemplo, a Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI, na sigla em inglês) da China baseia-se na infraestrutura, indo desde projetos no âmbito da BRI, mas com ênfase em ações de progresso social, como redução da pobreza, segurança alimentar, saúde, além de industrialização, financiamento e desenvolvimento verde, economia digital e conectividade.

Estas ações refletem, como afirma a China, uma “abordagem centrada nas pessoas” e uma “parceria igual, equilibrada e inclusiva”, fomentando estratégias globais para o desenvolvimento.

O presidente Xi destacou que os princípios do GDI estão orientados para a inovação e focados em ações voltadas a resultados, que tragam “benefícios para todos”.

Nos últimos dez anos, a China assinou por meio da BRI mais de 200 acordos de cooperação com 152 países – o que abrange mais de três quartos do planeta – e com 32 organizações internacionais, estabelecendo mais de 3 mil projetos (concluídos e em andamento), com investimentos totais de US$ 2 trilhões.

De olho no futuro chinês

A meu ver, é fundamental levar a sério a visão global da China para 2024, através das iniciativas de desenvolvimento, segurança e civilização, que vão além de uma rota marítima e terrestre de comércio e fluxo de bens, serviços e pessoas.

O derradeiro sucesso desta investida global será decidido não no “tribunal da retórica e argumentação” dos meios de comunicação, mas no mercado global de projetos e resultados.

Portanto, são os países em desenvolvimento que irão colocar à prova esta iniciativa, que está aberta para todos verem. Afinal, nada é mais importante para os países em desenvolvimento do que a infraestrutura, tida como a base de toda a economia.

Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
Renomado especialista em China, estrategista corporativo internacional e banqueiro de investimentos que assessora corporações multinacionais sobre estratégias e negócios na China. Foi premiado com a “Medalha da Amizade da Reforma da China” do Presidente Xi Jinping, sendo um dos apenas dez estrangeiros homenageados por suas contribuições ao longo de 40 anos da Chin. Autor do livro “Como os Líderes Chineses Pensam”, publicado no Brasil pela Autonomia Literária.
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