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Acabou o rali? Em 5º pregão seguido de queda, Vale (VALE3) derrete mais de 4%; veja o destino da ação

02 fev 2023, 18:39 - atualizado em 02 fev 2023, 18:40
Vale
Vale não conseguiu marcar um fechamento positivo na semana até agora (Imagem: Vale)

A Vale (VALE3) voltou a cair nesta quinta-feira (2), seu quinto pregão consecutivo de queda. A mineradora não conseguiu marcar um fechamento positivo na semana até agora.

A ação derretia 4,62%, negociada a R$ 89,14. Hoje, mineradoras e siderúrgicas seguiram a baixa do minério de ferro, que fechou em mínima de duas semanas.

Descolando-se de outras empresas do setor, os papéis da mineradora entraram em um movimento de realização de lucros nos últimos dias, uma vez que a companhia foi uma das mais beneficiadas pelo rali do minério de ferro.

Ainda, pesa sobre as ações o último relatório divulgado pela empresa, referente a produção e vendas do quarto trimestre de 2022. A leitura dos analistas foi neutra, mas eles reconheceram que os números de produção vieram abaixo do esperado (80,8 milhões de toneladas nos últimos três meses do ano e 307,8 milhões de toneladas no acumulado, menor que o guidance de 310 milhões de toneladas).

Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus Researchem termos operacionais, a Vale apresentou números fracos e abaixo do guidance – não só para o minério de ferro, como também pelotas, níquel e cobre.

“Precisamos esperar a divulgação de seu resultado, que ocorrerá em meados de fevereiro, para entendermos melhor como foi o desempenho financeiro da companhia”, afirma.

O Inter Research reconhece que, enquanto os dados do quarto trimestre de 2022 mostram que a produção da Vale segue patinando, as vendas surpreenderam, com finos de minério de ferro e níquel disparando, respectivamente, 24,2% e 31,4% no comparativo trimestral. Apesar disso, a cautela ainda predomina.

O lado pessimista do mercado

O mercado parece dividido quanto ao ritmo de recuperação da atividade econômica na China. Muita expectativa foi criada em cima das flexibilizações da política de Covid Zero, levando a uma forte e rápida retomada dos preços do minério de ferro desde o fim do ano passado.

Alguns analistas avaliam o movimento como certo e um bom gatilho para as ações de mineradoras e siderúrgicas – em especial, à Vale.

Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, destaca que as sinalizações que o governo chinês vem dando a favor do fim da política de Covid Zero se sobressaem às restrições ainda presentes.

“Sabemos que, assim que essa crise for sanada, devemos ver um retorno à normalidade das atividades na China”, diz. Para Haag, a ação da Vale ainda tem como subir mais e deve “se manter firme” no longo prazo.

A tese da mineradora também agrada a Empiricus. Ferrer defende que, no patamar atual, a Vale é negociada com um valuation atrativo (4 vezes valor da firma sobre Ebitda para 2023) e entrega bom retorno de capital (via dividendos ou recompra de ações).

Outros especialistas vão na contramão, céticos quanto a uma recuperação acelerada do mercado chinês. O Inter joga desse lado, avaliando que as incertezas sobre a retomada da China continuam elevadas.

Gabriela Joubert, analista-chefe da casa, reforça que a produção siderúrgica chinesa ainda está fraca, com os dados de dezembro mostrando um saldo de 77,9 milhões de toneladas, totalizando 1 bilhão de toneladas em 2022, pouco abaixo das estimativas.

Ao Money Times, Joubert comenta que é necessário ver dados “mais contundentes” para confirmar se o processo de reabertura dará a guinada que o mercado está esperando.

Joubert cita ainda a crise no setor imobiliário, que tem limitado a demanda por produtos de aço (e, consequentemente, a demanda pelo minério de ferro).

“Os estoques tanto da commodity quanto de produtos siderúrgicos no país tiveram leve alta e podem indicar um período ainda difícil à frente”, completa a analista, em relatório publicado nesta quarta (1º).

O Inter é “neutro” com Vale e tem preço-alvo de R$ 94.

Vender VALE3?

UBS BB recomenda vender ADR da Vale (Imagem: Bloomberg)

O UBS BB continua pessimista em relação a mineradoras e siderúrgicas. Na avaliação do banco, o recente rali do minério de ferro tem acontecido mais por especulação sobre a retomada da economia na China. Analistas ressaltam que os fundamentos da demanda ainda estão fracos.

O UBS BB tem recomendação de venda para os ADRs da Vale (VALE). A CSN Mineração (CMIN3), que começou 2023 com o pé direito na Bolsa, também tem rating de venda.

Para CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5), o banco tem recomendação “neutro”.

A Genial Investimentos se afasta um pouco do lado dos otimistas. Embora entenda que a reabertura chinesa seja um grande driver para as mineradoras no curto prazo, a corretora acredita que a demanda será menor do que o consenso projeta.

Como o UBS BB, a Genial acredita que existe certo nível de especulação no mercado, tanto no preço do minério de ferro em US$ 110-120/tonelada quanto na alta volatilidade das ações do setor.

“Esses movimentos costumam ser muito eufóricos pelo mercado, que na maioria das vezes, erra a mão na intensidade”, comenta.

Para a Genial, existe um risco maior de as altas serem baseadas em “expectativas futuras irreais” quanto ao aumento do consumo na China. Com as expectativas sendo quebradas, os preços do minério de ferro devem cair.

A Genial tem recomendação de “manter”, com preço-alvo de R$ 105.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.