Ações da Desktop (DESK3) saltam até 11% com possível compra pela Claro; veja impacto para Tim e Vivo

As ações da Desktop (DESK3) saltaram mais de 10% apenas na primeira hora de pregão desta quarta-feira (8), em meio às negociações da Claro para comprar a operadora de infraestrutura de banda larga. Com isso, surgiu a possibilidade de a companhia dar adeus à bolsa.
Na véspera, após o fechamento do mercado, a Desktop afirmou que manteve discussões com a operadora de telecomunicações sobre uma potencial transação, mas que até agora não houve entendimento sobre questões que incluem o valor do negócio.
Negociadas fora do Ibovespa (IBOV), no pregão desta quarta (8) as ações DESK3 saltavam 8,94%, a R$ 12,31, por volta de 11h55 (horário de Brasília). Na máxima do dia até esse horário, o avanço chegou a 11,33%. Acompanhe o tempo real.
Do ponto de vista estratégico, o BTG Pactual avalia que a operação faz sentido para a Claro, pois acelera a migração do HFC (Cabo) para a fibra e contribui para consolidação da presença em São Paulo.
A Desktop possui R$ 801 milhões de ágio contábil, que pode ser potencialmente utilizado como benefício fiscal, tornando a transação mais atrativa, pontua o banco.
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Se o negócio for aprovado, representará um passo importante no processo de consolidação em três fases que equipe de analistas lidera por Carlos Sequeira enxerga no mercado brasileiro de ISPs (provedor de serviços de internet):
- Aquisição de empresas menores, já em andamento;
- Consolidação entre ISPs de grande porte, como observado na fusão entre Vero e Americanet; e
- Consolidação liderada pelas grandes operadoras de telecomunicações.
Olhando pelo lado da Desktop, o Bradesco BBI avalia que o negócio só faz sentido dependendo do preço da oferta.
“É importante notar que as discussões ainda estão em um estágio preliminar. Como referência, a Vivo e a Desktop estiveram anteriormente em negociações semelhantes em maio de 2024, mas foram paralisadas devido a divergências de preço”, dizem Daniel Federle, do BBI, e Flávia Meireles, da Ágora Investimentos.
Os analistas consideram improvável que a Vivo apresente uma contraproposta, uma vez que a empresa vem expandindo com sucesso sua participação de mercado de forma orgânica e anteriormente se afastou de um acordo devido a preocupações com preços.
“Nesse contexto, vemos uma lógica estratégica limitada para a Vivo se envolver em uma guerra de lances pelo ativo agora”.
Impacto da compra da Desktop
Do ponto de vista da Claro, o BBI avalia que a potencial aquisição da Desktop apresenta uma lógica estratégica convincente. Os analistas destacam que a companhia é líder de mercado na região onde a Desktop atua, mas vem perdendo participação de mercado, enquanto seus principais concorrentes ganharam espaço.
“Uma grande parte da base de banda larga da Claro ainda é atendida pela tecnologia HFC, que, embora confiável, é percebida pelos clientes como inferior à fibra. A aquisição da Desktop eliminaria um forte concorrente e permitiria à Claro expandir significativamente sua presença de fibra no estado de São Paulo”.
Já pela ótica da Vivo (VIVT3) e da Tim (TIMS3), a transação é ligeiramente negativa, na visão dos analistas.
Ainda que a Vivo possa se beneficiar da remoção de um concorrente importante no segmento de fibra, a capacidade da Claro de alavancar a infraestrutura e a base de clientes da Desktop para acelerar o agrupamento de serviços móveis de banda larga e pós-pagos de fibra pode representar uma ameaça competitiva maior -particularmente para a TIM, que atualmente carece de uma oferta eficiente em pacotes.