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É hora de aproveitar a baixa do setor de construção? Veja qual ação pode valer a pena

11 maio 2022, 11:39 - atualizado em 11 maio 2022, 11:39
Construção Civil Construtoras, empresas com ações na bolsa
Ativa cobre Direcional, MRV e Tenda, mas tem recomendação “neutra” (Imagem: José Paulo Lacerda/CNI)

Com a elevação da taxa básica de juros, a Selic, as ações do setor de construção sofreram uma queda vertiginosa, abrindo caminho para que investidores questionassem se os preços já não teriam recuado para além do justo.

Analistas dizem que há ações boas no setor e que esse pode ser o momento de comprar papéis para surfar uma eventual guinada das empresas.

No entanto, eles ponderam que o investidor precisa ter cautela. Isso porque não há razões no curto prazo para que as ações subam, afirmam.

Peso duplo

O setor de construção é afetado pela alta da Selic porque a elevação da taxa encarece o crédito. Os juros sobem para conter a inflação – que, até agora, não tem dado trégua.

A alta contínua dos preços, por sua vez, impacta nos custos das companhias, que têm dificuldade em repassar a dinâmica ao consumidor final.

Com isso, as empresas do setor passam a apresentar margens mais apertadas – ou seja, a eficiência operacional diminui consideravelmente.

Analista da Guide Investimentos, Caio Ventura afirma ver nas margens um problema “relevante” porque afetam a percepção dos investidores. “As companhias estão bastante focadas em se tornar mais eficientes”, comenta.

Para Ventura, as empresas “aprenderam bastante” com a crise de 2015, principalmente no que diz respeito ao gerenciamento de estoque. “O balanço dessas companhias estão ‘redondos’, com caixa e pouca dívida”, comenta.

O analista pondera que, ainda que se vislumbre uma redução da taxa básica de juros, a baixa da Selic entre 2017 e 2020, compensou uma demanda reprimida – o que deve fazer com que, na avaliação dele, uma vez que a as taxas diminuam, a demanda por construção de imóveis não seja tão grande de imediato.

Já Sergio Berruezo, analista da Ativa Investimentos, afirma que o grande déficit habitacional do país deve sustentar o crescimento das construtoras – mas no longo prazo, pondera.

O analista lembra do programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida) e destaca que a demanda no país por habitação é tão grande que “governos de diferentes matizes ideológicas” mantém o projeto.

“A gente vê que esses programas devem se sustentar no longo prazo”, opina. “Essa demanda deve continuar muito forte e o potencial é alto para empresas que conseguem entregar esses projetos”.

Berruezo, no entanto, reitera que o segmento de baixa renda e com taxas mais controladas sofre com a alta da inflação. “Os custos não são muito favoráveis para as empresas e existe uma limitação de preços que as companhias podem por sobre os imóveis”.

Qual ação comprar?

Ativa cobre Direcional (DIRR3), MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3), mas tem recomendação “neutra” para todos os papéis, por não enxergar catalizadores para os papéis no curto prazo, segundo Berruezo.

“A gente está em um cenário em que se consolidou essa dificuldade que começou no ano passado. É pouco provável que a gente tenha alívio nas taxas de juros”, diz. “Vai ser um ano muito difícil para essas empresas”.

Para o longo prazo, o analista cita a MRV, porque a empresa combina diferentes segmentos – aluguel de baixa renda, loteamento e a AHS Residential (“tendo um resultado fantástico nos Estados Unidos”).

Berruezo diz que a Tenda “até tem no seu discurso planos interessantes, como ir para cidades menores e fazer casas com madeira no estilo americano”.

Mas ele destaca que o resultado do quarto trimestre foi bastante negativo. “Em termos de prévia, o trimestre passado mostrou que não dá para vislumbrar muito do balanço”.

A Ativa também gosta da Direcional, segundo o analista. “É uma ação para comprar em um momento muito barato, para se beneficiar no futuro. Mas no curto prazo a visão é de muito risco”, afirma.

Ventura, da Guide, cita Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3) como empresas “muito redondas financeiramente” e que podem surfar uma eventual retomada do setor. Ele também destaca a atuação da MRV no segmento de baixa renda.

Para quem tem alguma ação do setor desde o momento em que o papel estava em alta, o analista recomenda não vender o ativo. As empresas são boas, diz, e estão bem posicionadas para quando o ambiente macro melhorar.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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