Agronegócio

Agricultores argentinos iniciam greve comercial de quatro dias

09 mar 2020, 15:54 - atualizado em 09 mar 2020, 15:55
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Os efeitos do protesto só devem começar a ser sentidos na terça-feira (Imagem: REUTERS/Marcos Brindicci)

Produtores agrícolas da Argentina iniciaram nesta segunda-feira uma greve comercial de quatro dias em protesto contra o aumento dos impostos sobre exportações de soja, embora a medida não afete os embarques de um dos principais exportadores mundiais de alimentos.

Três das quatro principais associações rurais do país anunciaram a medida na semana passada, depois de negociações frustradas com o governo argentino, que elevou para 33% a taxa aplicada aos embarques da oleaginosa, contra 30% anteriormente, em meio a uma grave crise econômica e um alto déficit fiscal.

Como muitos produtores concentraram suas operações nos últimos dias para fugir da greve, os efeitos do protesto só devem começar a ser sentidos na terça-feira, quando os grãos e a carne bovina já vendidos deixarem de chegar aos mercados, segundo especialistas.

“Com certeza, amanhã será sentido (o protesto em Rosario)”, disse à Reuters o gerente da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM, na sigla em espanhol), Guillermo Wade. Em Rosario, são embarcados cerca de 80% das exportações argentinas de grãos e derivados.

Segundo dados da CAPyM, nesta segunda-feira cerca de 4.800 caminhões com grãos entraram nos terminais às margens do rio Paraná, onde estão os portos da região de Rosario. No mesmo dia da semana passada, o número de caminhões era de cerca de 3.100.

“A atividade na zona portuária (de Rosario) está totalmente normal”, disse Wade, acrescentando não prever que a medida tenha impacto sobre os embarques de grãos, porque as empresas contam com reservas em seus terminais e a colheita da nova safra de soja ainda não começou.

O protesto, no entanto, tem um forte impacto político, pois reedita o confronto entre o setor agrícola e um governo peronista –nesse caso, o do presidente Alberto Fernández.

Durante os dois mandatos da ex-presidente Cristina Kirchner –entre 2007 e 2015–, os agricultores se mantiveram em duro confronto com o governo. A tensão atingiu o ápice em 2008, quando a então presidente também tentou aumentar impostos aplicados sobre os embarques de soja.

À época, os prolongados e agressivos protestos culminaram com a renúncia do então chefe de gabinete Alberto Fernández.

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