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Airbnb (ABNB) ‘excepcional’: O que explica a disparada de 70% da ação em 2023?

17 fev 2023, 12:11 - atualizado em 17 fev 2023, 12:11
Airbnb
Empresa registra lucro pela primeira vez no balanço do quarto trimestre de 2022 (Imagem: Airbnb SOPA Images/Getty Images)

O desempenho do Airbnb (ABNB;AIRB34), empresa referência em homestays e experiências de curto prazo, está sendo encarado por muitos investidores como uma estada em uma paradisíaca praia de Bali, ou na Riviera Maya.

Desde o começo de janeiro, o BDR AIRB34, negociado na B3, teve um avanço de 54%, ao passo que o papel negociado na Nasdaq valorizou mais de 70%. E mais pode estar vindo por aí. 

 A companhia fundada por Brian Chesky surfou bem a onda de “risk on” (apetite por risco) que tomou conta dos mercados acionários dos EUA no primeiro mês do ano, apostando em um cenário de aumento de juros menos agressivo do que o inicialmente previsto. 

Mas esse espasmo de otimismo na Bolsa não explica sozinho a decolagem do Airbnb. De acordo com Richard Camargo, analista da Empiricus Research, o rali de compra sobre o papel está vinculado ao reaquecimento geral do setor de turismo que já vinha sendo sinalizado pelos números corporativos de outros grandes nomes do ramo.

“No começo da temporada, os resultados das airlines (United, Delta, American Airlines) vieram muito forte e todas comentaram que a dinâmica era muito boa no mercado doméstico [dos EUA] e excepcional no mercado internacional”, explana Camargo,  que complementa: “na sequência, os resultados de Visa e Mastercard trouxeram crescimento de duplo dígito no volume de operações cross-boarder [transações financeiras internacionais] sobre uma base já fortalecida”.

Mesmo diante de uma inflação ferrenha sobre o setor de viagens – reflexo direto da escassez de pilotos na aviação civil, da alta dos combustíveis fósseis, entre outros fatores -, um estudo da consultora global Deloitte deixa claro que os consumidores ainda se sentem pouco desencorajados a deixar as malas em casa por conta dos preços.

Para todos os efeitos, o consumo sobre experiência e serviços, em resposta aos anos trancafiados da pandemia (quando o foco era a compra de bens), passa por uma boa fase, a despeito das turbulências macroeconômicas vividas por todos os lados.

O que você precisa saber do balanço do Airbnb

Sem meias palavras, o analista da Empiricus categoriza como “excepcional” o resultado corporativo da empresa, liberado mais cedo na semana.

Camargo destaca que o Airbnb permanecia preso à suspeita de nunca se tornar uma empresa que pudesse unir crescimento à rentabilidade – o famoso modelo “cresce primeiro, lucra depois” tão explorado pelas startups da década passada.

Até o terceiro trimestre de 2022, a empresa fundada em 2008 nunca havia registrado lucro, ainda que viesse de um caixa significativo de US$ 2 bilhões em 2021. Mas os números do último trimestre do ano afastaram esse fantasma.

No consolidado do ano passado, a empresa apresentou um caixa livre de  US$ 3,4 bilhões (US$ 455 milhões no 4T22), representando um crescimento de 49% no ritmo anualizado. Além disso, o Airbnb registrou o primeiro ano de lucros, avaliado em US$ 1,9 bilhão, e o quarto trimestre mais rentável de toda a sua história, colocado em US$ 319 milhões.

Confira outros dados que deixaram os mercados viajando

Todo mundo viajando, em quase todas as geografias: com exceção da Europa, onde o Booking (BKNG34) tem maior penetração, houve queda das taxas de cancelamento com relação a 2021 e aumento de reservas e receita em todas as demais partes do globo.

Os destaques de receita, na comparação anual, foram: Ásia-Pacífico (+40% de receita), América Latina (+23% de receita) e EUA (+19% de receita). Embora tenha apresentado o menor crescimento, o mercado da América do Norte é o mais desenvolvido, contribuindo com praticamente 50% da receita da companhia.

Maior Ebitda já registrado: se há um dado que chamou a atenção dos investidores da empresa, foi o maior Ebitda ajustado (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), já US$ 506 milhões.

Guidance de 2023 é ainda mais ambicioso: ainda para o primeiro trimestre de 2023, a empresa continua apostando em uma forte demanda pelos seus produtos, à medida que a confiança do consumidor em viajar permanece forte.

Com isso, a plataforma se lança a buscar um crescimento de 18 a 20% em 2023, já considerando uma base de comparação de US$ 8,4 bilhões em faturamento em 2023.

Bons resultados, mas Airbnb ainda está cara

Apesar dos números poderosos de 2022, Camargo considera que a ação do Airbnb se encontra em um patamar sobrevalorizado, considerando a capacidade de retorno e crescimento, o que impacta no valuation relativo da empresa ante competidores, como o próprio Booking, que é elencado como o “favorito” no setor de turismo.

“O Airbnb está sendo negociado a mais de 30x P/E (preço/lucro), enquanto o Booking opera a 18x P/E estimado em 2023”, conclui o analista.

Atualmente, o preço da ação do Airbnb no mercado americano é de US$ 136. Já o BDR negociado na B3, em R$ 35,17.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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