Economia

Alta de juros na Zona do Euro já é ‘bastante provável’ em 2022

16 fev 2022, 14:50 - atualizado em 16 fev 2022, 14:50
BCE
Lagarde mais tarde alertou que um aperto precipitado da política monetária poderia comprometer a recuperação na Europea pós-pandemi (Imagem: REUTERS/Ralph Orlowski)

É “bastante provável” que o Banco Central Europeu eleve os juros em 2022 para combater a inflação sem precedentes na Zona do Euro, mas a instituição não deve “balançar o barco” no processo de aperto da política monetária, disse Martins Kazaks, integrante do Conselho Geral do BCE.

“Vai depender dos dados”, afirmou o comandante do Banco Central da Letônia em entrevista. “Vamos ver, mas é bastante provável que aconteça este ano.”

A inflação em 12 meses no bloco bateu recordes inesperados por dois meses e passa de 5%. Com esses números, a situação se tornou “mais clara” para as autoridades do BCE, disse Kazaks. “Vemos a inflação significativamente acima do que estava no passado e isso altera a gravidade.”

Com esses comentários, Kazaks se alinha a seus colegas de perfil mais agressivo no Conselho Geral — incluindo Joachim Nagel da Alemanha e Klaas Knot da Holanda. Os dois mencionaram a possibilidade de elevação dos juros em 2022 depois que a presidente do BCE, Christine Lagarde, se recusou a descartar a ideia, no começo do mês.

Lagarde mais tarde alertou que um aperto precipitado da política monetária poderia comprometer a recuperação na Europea pós-pandemia. Kazaks, 48 anos, concordou que “se os juros subirem muito rápido, isso afetará a recuperação” e defendeu uma abordagem “cuidadosa e gradual”.

Ele considerou a aposta do mercado monetário de dois aumentos de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros este ano “um pouco dura demais”.

“É importante não balançar o barco”, afirmou na entrevista. “Precisamos guiar de forma relativamente suave, que os mercados entendam o que estamos fazendo. E ver o que está acontecendo na economia.”

‘Não devemos hesitar’

Embora o BCE já tenha mapeado a retirada do programa de compra de títulos implementado para enfrentar a pandemia, a instituição sofre pressão para seguir os passos do Banco da Inglaterra e do Federal Reserve dos EUA na adoção de uma postura mais rigorosa.

A inflação está em mais que o dobro da meta de 2%. Uma integrante do Conselho Executivo do BCE, Isabel Schnabel, declarou ao Financial Times esta semana que “o risco de agir tarde demais aumentou.”

Outros membros do alto escalão do BCE pedem paciência. François Villeroy de Galhau, da França, disse na quarta-feira que a flexibilização quantitativa pode terminar no terceiro trimestre, mas que não há necessidade de elevação dos juros logo depois disso. A orientação futura do BCE atualmente indica que as compras de ativos serão encerradas “pouco antes” de o BCE começar a subir os juros.

Kazaks concordou que a compra de títulos pode terminar no terceiro trimestre, mas adiantou ser improvável a divulgação de detalhes além da trajetória imediata das compras de ativos na reunião de 10 de março. Os 25 integrantes do Conselho Geral do BCE se encontram naquela data e receberão projeções econômicas atualizadas.

“Seria irreal esperar em março a entrega de um roteiro do que faremos exatamente em cada mês depois disso”, disse. “É incompatível com a estratégia que usamos. É gradual, depende de dados e é flexível.”

Um gatilho para uma postura mais agressiva seria a pressão de salários, que pode se concretizar “muito em breve”, diante do desemprego no menor nível em registro na Zona do Euro, afirmou Kazaks. “Quando virmos isso acontecendo, não devemos hesitar em agir do ponto de vista da política monetária, para evitar efeitos secundários”.

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