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Amazon (AMZO34) tem mais que o dobro de taxa de lesões em armazéns nos EUA, segundo estudo

14 abr 2022, 15:01 - atualizado em 14 abr 2022, 15:01
Amazon
Funcionários dos armazéns da Amazon nos EUA são impactados pelas altas taxas de lesões (Imagem: Marques Thomas/Unsplash)

A taxa de lesões graves nos armazéns da Amazon (AMZN; AMZO34), nos Estados Unidos, é mais que o dobro quando comparada a outros locais, de acordo com um novo estudo que examina dados de lesões fornecidos à agência federal que supervisiona a segurança no local de trabalho.

Lançado em abril deste ano, o estudo “The Injury Machine: How Amazon’s Prodution System Hurts Workers“, algo como, “A máquina de lesões: como o sistema de produção da Amazon prejudica os trabalhadores”, na tradução literal para o português, foi desenvolvido pelo Strategic Organizing Center (SOC), Centro de Organização Estratégica, que atua como uma coalizão sindical representando mais de quatro milhões de trabalhadores norte-americanos.

A Amazon empregou 33% de todos os trabalhadores de armazéns dos EUA, em 2021, mas foi responsável por 49% de todas as lesões no setor, de acordo com o relatório que analisou os dados de lesões do ano passado enviados pela empresa à Administração de Segurança e Saúde Ocupacional do Departamento do Trabalho norte-americano.

Em 2021, houve 38.334 lesões totais registráveis ​​nas instalações da multinacional e, entre elas, cerca de 34.000 foram consideradas lesões graves, nas quais  os trabalhadores não puderam mais realizar suas funções regulares ou tiveram que faltar ao trabalho como resultado.

Segundo o levantamento, a companhia fundada por Jeff Bezos, segundo homem mais rico do mundo,  registrou 6,8 ferimentos graves para cada 100 de seus funcionários que ficam no armazém.

Em comparação, outros armazéns relataram 3,3 ferimentos graves para cada 100 trabalhadores, como mostra o relatório. As taxas de lesões são calculadas como agregados de taxas em locais individuais.

O estudo do SOC chega em meio a uma maior atenção às condições do local de trabalho nas instalações da Amazon. No início deste mês, funcionários de um depósito da companhia em Nova York se tornaram os primeiros a se sindicalizar no país em seus 27 anos de história.

A unidade sindical foi catalisada por tensões entre a empresa e seus funcionários do depósito durante a crise de saúde pública provocada pela Covid-19, onde alguns trabalhadores e defensores trabalhistas expressaram preocupação de que a companhia estivesse priorizando lucros e produtividade em vez de segurança.

Enquanto isso, segundo a CNN Business, o tratamento da segurança no local de trabalho da Amazon está sob observação em Washington, onde o Departamento de Trabalho e Indústrias emitiu em março uma rara citação “grave intencional” e uma multa de US$ 60.000 para a empresa por conscientemente colocar seus trabalhadores em risco de acidentes graves e lesões em violação as leis de segurança no local de trabalho.

A gigante da tecnologia disse à CNN que discorda fortemente das alegações e planeja apelar da citação.

O histórico da Amazon

O último relatório do SOC, divulgado em 2022, segue o de junho de 2021 do mesmo grupo que examinou dados semelhantes de 2017 a 2020 e também considerou os armazéns da Amazon mais perigosos do que outras instalações.

A nova análise, que observa que as taxas de lesões permanecem mais altas nos armazéns robóticos da empresa do que nos não robóticos, encontrou um declínio notável nas lesões em 2020 em comparação com o ano anterior.

O levantamento observa a flexibilização temporária do rastreamento de produtividade da varejista nos primeiros meses da pandemia do Coronavírus como um possível contribuinte.

Em uma declaração sobre o relatório do SOC, a porta-voz da Amazon, Kelly Nantel, disse a CNN Business, que a empresa contratou “dezenas de milhares de pessoas adicionais para nos ajudar a atender à demanda imprevista do Covid-19”.

“Como outras empresas do setor, vimos um aumento nas lesões registráveis ​​durante esse período de 2020 a 2021, pois treinamos tantas pessoas novas — no entanto, quando você compara 2021 a 2019, nossa taxa de lesões registráveis ​​diminuiu mais de 13% ano a ano”, disse Nantel.

O estudo mostra que a taxa de lesões no ano passado é a segunda mais alta nos últimos cinco anos da empresa, com o ano de 2019 registrando a taxa mais alta.

Há um ano, relembrou a CNN Business, Jeff Bezos, declarou seu desejo de tornar a Amazon o “lugar mais seguro da Terra para se trabalhar”.

A empresa anunciou no ano passado que gastaria US$ 300 milhões em projetos relacionados à segurança, incluindo o lançamento de uma iniciativa chamada WorkingWell para fornecer “atividades físicas e mentais, exercícios de bem-estar e apoio à alimentação saudável que são cientificamente comprovados para ajudá-los a recarregar e reenergizar, e, em última análise, reduzir o risco de lesões”.

A WorkingWell, disse a companhia, ajudaria em seu objetivo de reduzir as taxas de lesões registráveis ​​pela metade até 2025.

Enquanto isso, no início deste mês, o Comitê de Supervisão da Câmara dos EUA enviou uma carta ao CEO da Amazon, Andy Jassy, ​​exigindo documentos sobre as práticas trabalhistas da empresa.

Isso aconteceu depois que seis funcionários foram mortos em dezembro enquanto trabalhavam em um centro de distribuição em Illinois atingido por um tornado.

A Occupational Safety and Health Administration (OSHA), uma agência do Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, também está investigando as mortes na instalação e uma das famílias está processando companhia.

Além disso, foi divulgado recentemente que a Amazon, na sua empreitada para travar as uniões trabalhistas de seus funcionários, está planejando o desenvolvimento de um aplicativo de conversas internas entre os colaboradores que censura certas palavras, como “banheiro”, “sindicato” e “trabalho escravo”.

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Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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