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Americanas (AMER3) entra com pedido de recuperação judicial

19 jan 2023, 13:49 - atualizado em 19 jan 2023, 23:14
Lojas Americanas
(Imagem: Flávya Pereira/Money Times)

A Americanas (AMER3) entrou com pedido de recuperação judicial, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira (19). As dívidas da empresa somam R$ 43 bilhões.

O movimento já era esperado por analistas e investidores.

Nesta quinta-feira (19), a empresa havia soltado comunicado avisando que poderia entrar em recuperação judicial em questão de dias devido à queima de caixa, que é de “apenas R$ 800 milhões”.

Segundo levantamento dos escritórios de advocacia Lara Martins Advogados, Mingrone e Brandariz, a Americanas deve ocupar o quarto lugar entre as maiores operações de recuperação judicial já realizadas no Brasil.

No documento, a Americanas diz que, menos de seis horas depois da divulgação ao mercado do fator relevante, alguns credores, “sem qualquer embasamento contratual ou legal, já haviam declarado o vencimento antecipado das obrigações da companhia”.

“Esses fatos, isoladamente, já tornariam extremamente difícil a continuidade das operações do Grupo Americanas por 30 dias, concedidos por esse juízo, mas a situação ficou ainda pior em razão dos consecutivos rebaixamentos de rating da Americanaspelas agências de classificação de risco, o que fez com que os bancos se negassem a adiantar recebíveis de cartão de crédito, operação rotineira e historicamente feita pelo Grupo Americanas para capital de giro, drenando mais de R$ 3 bilhões do caixa da companhia”, escreve.

O que acontece agora?

A partir de agora, a Americanas terá um prazo de blindagem por 180 dias em que todas suas obrigações de dívida ficam suspensas.

Além disso, a companhia tem até 60 dias para apresentar a primeira versão de um plano de reestruturação, com as principais medidas a serem tomadas para o balanceamento de sua estrutura de capita e mais 50 dias para convocar uma assembleia de credores para aprovar o plano.

Entenda a recuperação judicial da Americanas

Em pouco menos de um mês, a Americanas, que disparava após alivio da curva do juros, se viu em uma recuperação judicial, processo doloroso e que “destrói o valor da empresa”, nas palavras de uma analista ouvido pelo Money Times, após fato relevante informar rombo de R$ 20 bilhões, o dobro do valor de mercado da empresa na ocasião.

A reação foi imediata, com analistas e investidores prevendo uma catástrofe para as ações e, até, a quebra da empresa.

No dia seguinte (12), o papel derreteu mais de 78%, a maior queda diária da bolsa desde 2008. Dois terços do valor de mercado foram perdidos e inúmeras casas de análises, corretoras e bancos colocaram a empresa sob revisão.

Na sexta (13), foi a vez das agências de classificação de risco, como S&P, Fitch e Moddys, cortarem os ratings da companhia.

Neste mesmo dia, a Americanas se reuniu com os credores, entre eles os principais bancos do país, sem que se chegasse a um acordo, com credores pedindo o vencimento antecipado das dívidas da companhia.

Banco queriam, no mínimo, que os acionistas referência, formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, aportassem R$ 10 bilhões. No entanto, o trio propôs R$ 6 bilhões.

Foi então que a Americanas entrou com pedido de proteção contra a execução das dívidas, o que irritou profundamente os credores. O primeiro a entrar na Justiça contra a medida foi o BTG, ainda no domingo. Após várias tentativas, o banco conseguiu derrubá-la.

A partir desde momento, a situação piorou de forma rápida. Sem os recursos dos bancos e queima de caixa constante, a Americanas se viu obrigada a entrar em recuperação judicial para sobreviver.

As consequências para a ação

A XP elencou quatro consequências caso a empresa decida realizar uma recuperação judicial.

Os analistas recordam ser um processo longo, com duração média de três anos, mas excedendo esse prazo em muitos casos — a Oi (OIBR3), o maior caso de recuperação judicial do Brasil, demorou seis anos.

Outra consequência seria a saída do Ibovespa, já que de acordo com a metodologia da B3, as companhias em RJ não são elegíveis para entrar no índice, o que pode impactar negativamente a liquidez da varejista.

Além disso, segundo os analistas, as ações tendem a sofrer com a volatilidade durante processos de recuperação judicial, uma vez que as medidas são focadas nos credores e são geralmente diluitivas aos acionistas.

Entre as soluções para a saída do processo estão o desinvestimento de ativos, renegociação de dívidas, conversões de dívidas em ações e aumento de capital.

Natural da Terra, hortifrúti comprada pela Americanas em 2021, e a rede Vem Conveniência, joint venture com a Vibra (VBBR3), estão entre os ativos que podem ser vendidos, segundo informações do Valor Econômico.

Veja o documento do pedido:

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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